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Cielo: economia fraca piora tudo; fique longe do setor, alerta Ágora

22 nov 2021, 19:51 - atualizado em 22 nov 2021, 19:55
Cielo
Segundo os analistas Otavio Tanganelli e José Cataldo, a elevação das taxas de juros elevam os custos de financiamento da empresa (Imagem: Cielo/Youtube)

Definitivamente, a Cielo (CIEL3) não vive um bom momento, com queda de 45% das ações no ano. Se olharmos um período mais longo, o tombo é ainda mais assustador: 91% nos últimos cinco anos.

A empresa sofreu duramente com a concorrência acirrada de novas maquininhas que entraram no mercado sem pedir licença, explorando novos modelos de negócios e sem taxas. 

Apesar da ligeira melhora nos resultados do terceiro trimestre, a Ágora aponta um novo problema para a dona de maquininhas de pagamentos: a economia mais fraca.

Segundo os analistas Otavio Tanganelli e José Cataldo, a elevação das taxas de juros elevam os custos de financiamento da companhia.

“Nossa nova estimativa de lucro para 2022 nos coloca 7% abaixo do consenso para Cielo”, argumentam.

Além disso, eles afirmam que o cenário de lucratividade parece desafiador e o fraco impulso de ganhos deve continuar a pesar sobre o desempenho das ações em 2022. “No geral, recomendamos evitar a exposição ao setor”, completam. 

2022 difícil 

Para o ano que vem, os analistas preveem que o crescimento da indústria de cartões (estimativa do BBI é de 15-20% em 2022) sustentará tendências positivas de receita. Apesar disso, eles afirmam que isso não é o suficiente para compensar os ventos contrários.

“Acreditamos que o mercado não incorporou um cenário mais desafiador para os ganhos em 2022, e os riscos estão aparentemente inclinados para o lado negativo”, dizem.

Na visão da dupla, os lucros fracos continuarão penalizando as ações. A Ágora cortou em 7% a estimativa de lucro em 2022, para R$ 827 milhões, devido à maiores custos de financiamento.

O preço-alvo foi reduzido de R$ 3,9 para R$ 3, o que implica potencial de 37% sobre o último fechamento. A recomendação é neutra.

“Embora a avaliação pareça atraente, acreditamos que o mercado pode exigir melhorias operacionais mais fortes, especialmente em suas operações no exterior, a fim de se tornar mais confiante em alcançar um ponto de virada na lucratividade”, finalizam.

O Bank of America reiterou a sua visão neutra para as ações negociadas na Nasdaq, com preço-alvo de US$ 59 (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

Stone entra no balaio

E não é só a Cielo que está apanhando do mercado. A Stone (STNE) viu sua ação derreter 30% em um único dia após divulgar seus resultados.

A empresa de meios de pagamento teve lucro líquido ajustado de R$ 132,7 no terceiro trimestre, uma queda de 53,9% sobre o resultado de um ano antes.

Analistas, em média esperavam lucro líquido de R$ 193 milhões para a Stone no período, segundo os dados da Refinitiv, da Reuters.

Para William Castro Alves, estrategista-chefe e sócio na Avenue, em termos contábeis, o prejuízo chegou a R$ 1,26 bilhão.

“O que explica isto foi um ajuste negativo do valor do investimento no Banco Inter (BIDI11), que caíram 40%”, explica ele em um podcast divulgado em sua conta do LinkedIn.

O Bank of America reiterou a sua visão neutra para as ações negociadas na Nasdaq, com preço-alvo de US$ 59.

“É importante ressaltar que a administração não apresentou sinergia de receita ou de custo com a aquisição da Linx, mas mencionou que melhorou as operações de crédito e deve iniciar os testes do produto no quarto trimestre de 2021 ou no primeiro de 2022”, escreveram os analistas Mario Pierry, Antonio Ruette e Flavio Yoshida.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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