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Cielo: Após atingir fundo do poço, ação salta 3%; o que esperar do papel?

04 nov 2021, 14:51 - atualizado em 04 nov 2021, 16:30
Cielo
Na visão de analistas, no geral, a Cielo entregou bons resultados, acima das expectativas (Imagem: Cielo/Youtube)

A Cielo (CIEL3) empolgou os mercados com um lucro líquido de R$ 211,9 milhões, mais que o dobro do mesmo período do ano passado. 

Com isso, por volta das 16h29, os papéis da dona de maquininhas subiam 2,16%. Mais cedo, o papel chegou a disparar 7,33%, liderando as altas do Ibovespa (IBOV). 

Na sexta-feira passada (29), a ação da Cielo chegou a seu patamar mínimo, negociada a R$ 2,19, após um longo derretimento que se estende desde 2018 — quando outras operadoras, como Stone e PagSeguro, “invadiram” o mercado de pagamentos.

Na visão de analistas, no geral, a Cielo entregou bons resultados, acima das expectativas. Porém, alguns pontos ainda preocupam e a operadora — que pertence ao Bradesco (BBDC4) e ao Banco do Brasil (BBAS3) — terá que entregar mais se quiser convencer os investidores. 

Números

O lucro líquido de R$ 212 milhões veio bem acima do esperado pela Ágora, que projetava lucro de R$ 199 milhões.

O principal destaque positivo, segundo os analistas Otavio Tanganelli e José Cataldo, foi a Cateno — a subsidiária de cartões do BB —, com aceleração de volume e menores perdas operacionais, levando a uma melhora sequencial do lucro líquido.

Eles ainda ressaltam que a Cielo teve boas tendências de volume (9% frente ao mesmo período do ano passado), amplamente em linha com seus pares Getnet (GETT11) (9% na base anual) e Rede (10%).

Enquanto isso, a receita de adquirência aumentou 8,1% em base anual (melhora de 0,4% em base anual), em grande parte em linha com seu crescimento de volume, com apenas uma leve deterioração em seu yield de receita (de 0,71%) para 0,70%, dizem.

Apesar disso, eles lembram o prejuízo relativo às outras subsidiárias de R$ 43 milhões, pior do que R$ 29 milhões no trimestre anterior, com a receita diminuindo 11,5% em base anual.

“Acreditamos que esses resultados devem ser vistos de forma positiva pelo mercado, com leves melhorias operacionais em seus negócios principais (Cielo Brasil e Cateno)”, observam.

Já a Genial aponta que a Cateno deu uma bela contribuição para os números da Cielo, com uma melhora substancial de 128%. As despesas sob controle também foram destaque, crescendo menos que a receita.

“Em suma, a nossa avaliação do resultado é ligeiramente positiva com destaque para gradual melhora operacional parcialmente impactada pelo ainda resultado negativo de outras controladas”, apontam.

No geral, as cifras da companhia superaram em 10% as estimativas no Bank of America. Os principais pontos positivos, na visão do banco, foram: 

  • TPV (Volume Total de Pagamento, em português) acima do esperado, que superou os níveis pré-pandêmicos, sustentado por melhores volumes de crédito;
  • Resultados fortes da Cateno, que representaram 60% do lucro consolidado;
  • Despesas gerenciais diminuíram 1,3%, uma vez que os ganhos de eficiência mais do que compensaram os investimentos.

Pontos de atenção

O Credit Suisse ressalta a queda da base de clientes, que encolheu 11% no ano e 3% no trimestre, pressionada pela redução da base de clientes no segmento de cauda longa.

“Apesar de um melhor mix de volume e do aumento da penetração de pagamento em dois dias, o rendimento da receita caiu para 0,70%, pressionado pela intensa competição”, argumenta Daniel Federle, que assina o relatório.

Outra preocupação diz respeito à alta da Selic, que pode terminar o ano em 10%. Entre julho e setembro, a elevação dos juros prejudicou as despesas financeiras da Cielo. Isso também interfere no repasse de preço no produto Receba Rápido, pois envolve renegociação dos contratos.

Banco do Brasil
Questões estruturais, como o conflito de interesses entre Banco do Brasil e Bradesco, atrapalham a recomendação melhor do Bank of America (Imagem: Banco do Brasil/Divulgação)

O que fazer com as ações?

Na opinião da Ágora, o mercado poderá exigir melhorias operacionais mais fortes para que uma reavaliação substancial se materialize, apesar da ação barata (6,7 vezes o preço sobre o lucro).

Já a Genial vê uma continuidade na recuperação dos volumes em 2022. 

“Há de se destacar que a venda da participação na Merchant e-Solutions, que vem sendo comentada pela própria empresa, e um eventual fechamento do capital, dado o valuation descontado e imbróglio entre controladores, o Banco do Brasil e Bradesco, podem destravar valor para a ação”, argumentam Eduardo Nishio, Guilherme Vianna e Bruno Bandeira, que assinam o relatório.

A corretora reafirmou a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 3,3, potencial de alta de 42%

O Bank of América também classifica a ação como descontada. No entanto, questões estruturais, como o conflito de interesses entre Banco do Brasil e Bradesco, atrapalham a recomendação.

O Safra afirma que os resultados da Cielo foram bons, acima das expectativas, mostrando sequencial melhora em relação ao trimestre anterior (refletindo a reabertura da economia), e uma significativa recuperação no ano, apesar da base de comparação baixa.

“Olhando para o futuro, acreditamos que os volumes de TVP devem seguir se recuperando com a atividade econômica, sugerindo que o pior já passou para Cielo”, completa. 

Mesmo projetando alta de 115% para as ações da empresa, o Safra manteve a recomendação de neutra, com preço-alvo de R$ 5.

O Credit Suisse lembra que a intensa competição no negócio de adquirência e o aumento das taxas do CDI devem ser obstáculos persistentes nos próximos trimestres.

O BB Investimentos diz que a Cielo ainda precisa demonstrar capacidade de reter sua base, conquistar novos clientes, bem como elevar sua rentabilidade com foco no varejo e também capacidade de conquistar parcela significativa do mercado de antecipação de recebíveis no contexto do novo sistema de registro de recebíveis.

Veja as recomendações

Corretora Recomendação Preço-alvo
Safra Neutra R$ 4,8
Genial Compra R$ 3,3
Credit Suisse Neutra R$ 4,8
BofA Neutra R$ 5,50

 

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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