CNH sem autoescola: Contran aprova projeto e reduz em 90% carga horária das aulas práticas
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou por unanimidade, nesta segunda-feira (1º), a resolução que oficializa a CNH sem autoescola. A norma entrará em vigor após a publicação no Diário Oficial da União (DOU), prevista para os próximos dias, e deve ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento público.
A medida elimina a obrigatoriedade de contratação de autoescolas e estabelece um novo conjunto de regras para todo o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
CNH se autoescola: as mudanças nas aulas práticas
Uma das alterações mais relevantes está nas aulas práticas. A partir da publicação da norma no DOU, quem quiser tirar a CNH não será mais obrigado a contratar uma autoescola. A resolução cria a figura do instrutor autônomo, profissional que deverá estar devidamente registrado nos sistemas do governo.
Além disso, a carga horária das aulas práticas terá uma redução drástica: o mínimo obrigatório cai de 20 horas para apenas 2 horas, uma diminuição de 90%.
Outra mudança importante é que o candidato poderá usar seu próprio veículo nas aulas, desde que acompanhado por um instrutor autorizado e que o automóvel atenda às normas de segurança previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Esse mesmo veículo também poderá ser utilizado na prova prática.
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Instrutores autônomos: como vai funcionar

Os profissionais já cadastrados no sistema do governo serão automaticamente habilitados a atuar como instrutores autônomos e receberão uma notificação via aplicativo da CNH.
Já quem quiser entrar no mercado terá acesso a um curso de formação gratuito, oferecido pelo Ministério dos Transportes.
Requisitos para se tornar instrutor autônomo
Para atuar como instrutor independente, será necessário:
- Ter pelo menos 21 anos;
- Obter autorização do Detran;
- Possuir CNH há no mínimo dois anos na categoria em que pretende instruir;
- Não ter cometido infrações gravíssimas nos últimos 12 meses;
- Ter ensino médio completo.
Aulas teóricas: formato mais flexível
As aulas teóricas também terão mudanças, mas neste caso a carga horária deixa de ser fixa: as entidades responsáveis terão liberdade para definir o conteúdo e o tempo de duração.
O aluno poderá escolher entre aulas presenciais ou remotas, ambas gratuitas. A plataforma do governo federal disponibilizará cursos através de:
- autoescolas;
- entidades especializadas em ensino a distância (EaD);
- escolas públicas de trânsito;
- instituições integrantes do Sistema Nacional de Trânsito.
Essas entidades, porém, deverão seguir regras estabelecidas previamente pelo Contran.
Como ficam as provas práticas e teóricas?
As provas teóricas continuam obrigatórias e seguem o mesmo formato: questões objetivas de múltipla escolha, aplicadas presencialmente ou de forma eletrônica. As regras permanecem:
- Duração mínima de 1 hora;
- Aprovação com ao menos 20 acertos;
- Possibilidade de refazer a prova ilimitadamente em caso de reprovação.
As provas práticas também continuam obrigatórias, agora com novas diretrizes:
- Trajeto pré-definido;
- Avaliação feita por comissão com três examinadores;
- Possibilidade de usar o próprio veículo do candidato;
- Reprovações ilimitadas, até a aprovação;
- Segunda tentativa gratuita, sem taxas adicionais.
Novo prazo de validade da CNH
Antes da mudança, o candidato tinha 12 meses para concluir todas as etapas da CNH. Caso ultrapassasse o prazo, era obrigado a recomeçar do zero.
Com a nova regra, não há mais limite geral de tempo, exceto em situações específicas previstas na resolução.
Quanto vai custar tirar a CNH sem autoescola?
Segundo o Ministério dos Transportes, o novo modelo deve reduzir em cerca de 80% o custo total para tirar a habilitação.
Atualmente, o estado mais caro para obter a CNH é o Rio Grande do Sul, com preço médio de R$ 4.951,35 para as categorias A e B (moto e carro). Com a estimativa de redução, o valor deve cair para aproximadamente R$ 990.
Confira abaixo a projeção por estado:
|
Estado
|
Custo Atual (R$)
|
Custo Após Redução (R$)
|
Diferença (R$)
|
|
Acre (AC)
|
R$ 3.906,60
|
R$ 781,32
|
R$ 3.125,28
|
|
Alagoas (AL)
|
R$ 2.069,14
|
R$ 413,83
|
R$ 1.655,31
|
|
Amazonas (AM)
|
R$ 3.418,95
|
R$ 683,79
|
R$ 2.735,16
|
|
Amapá (AP)
|
R$ 3.780,47
|
R$ 756,09
|
R$ 3.024,38
|
|
Bahia (BA)
|
R$ 4.120,75
|
R$ 824,15
|
R$ 3.296,60
|
|
Ceará (CE)
|
R$ 3.020,97
|
R$ 604,19
|
R$ 2.416,78
|
|
Distrito Federal (DF)
|
R$ 3.005,67
|
R$ 601,13
|
R$ 2.404,54
|
|
Espírito Santo (ES)
|
R$ 2.338,76
|
R$ 467,75
|
R$ 1.871,01
|
|
Goiás (GO)
|
R$ 2.600,39
|
R$ 520,08
|
R$ 2.080,31
|
|
Maranhão (MA)
|
R$ 2.858,01
|
R$ 571,60
|
R$ 2.286,41
|
|
Minas Gerais (MG)
|
R$ 3.968,15
|
R$ 793,63
|
R$ 3.174,52
|
|
Mato Grosso do Sul (MS)
|
R$ 4.477,95
|
R$ 895,59
|
R$ 3.582,36
|
|
Mato Grosso (MT)
|
R$ 2.964,04
|
R$ 592,81
|
R$ 2.371,23
|
|
Pará (PA)
|
R$ 2.802,45
|
R$ 560,49
|
R$ 2.241,96
|
|
Paraíba (PB)
|
R$ 1.950,40
|
R$ 390,08
|
R$ 1.560,32
|
|
Pernambuco (PE)
|
R$ 3.416,44
|
R$ 683,29
|
R$ 2.733,15
|
|
Piauí (PI)
|
R$ 2.401,00
|
R$ 480,20
|
R$ 1.920,80
|
|
Paraná (PR)
|
R$ 3.670,83
|
R$ 734,17
|
R$ 2.936,66
|
|
Rio de Janeiro (RJ)
|
R$ 2.567,82
|
R$ 513,56
|
R$ 2.054,26
|
|
Rio Grande do Norte (RN)
|
R$ 2.806,00
|
R$ 561,20
|
R$ 2.244,80
|
|
Rondônia (RO)
|
R$ 2.355,22
|
R$ 471,04
|
R$ 1.884,18
|
|
Roraima (RR)
|
R$ 3.828,40
|
R$ 765,68
|
R$ 3.062,72
|
|
Rio Grande do Sul (RS)
|
R$ 4.951,35
|
R$ 990,27
|
R$ 3.961,08
|
|
Santa Catarina (SC)
|
R$ 3.906,90
|
R$ 781,38
|
R$ 3.125,52
|
|
Sergipe (SE)
|
R$ 3.049,97
|
R$ 609,99
|
R$ 2.439,98
|
|
São Paulo (SP)
|
R$ 1.983,90
|
R$ 396,78
|
R$ 1.587,12
|
|
Tocantins (TO)
|
R$ 2.985,33
|
R$ 597,07
|
R$ 2.388,26
|