Economia

Cobrança de Haddad ao BC foi ‘desastrada’ e reoneração não muda Selic, dizem economistas

01 mar 2023, 11:47 - atualizado em 01 mar 2023, 11:47
Haddad
Durante anúncios de reoneração de combustíveis, Fernando Haddad cobrou do Banco Central a queda na taxa Selic. (Imagem: Washington Costa/MF)

Ontem, durante o anúncio de reoneração dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol, o ministro Fernando Haddad aproveitou para cobrar do Banco Central uma revisão da política econômica.

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Para ele, a retomada dos impostos está alinhada com as atas do Comitê de Política Monetária (Copom) que sinalizam que o risco fiscal do novo governo ajudam a pressionar as expectativas do mercado sobre inflação e, com isso, fazem com que a Selic se mantenha elevada.

“Estamos dando resposta para o setor produtivo de que o governo vai fazer sua parte, esperando que a monetária reaja da maneira como prevista nas atas”, afirmou Haddad. “As taxas de juros do Brasil são as mais altas no mundo, produzindo efeitos perversos sobre a economia”, acrescentou.

No entanto, a mudança tributária dos combustíveis não deve fazer muita diferença em uma pouco provável redução da taxa básica de juros, que está em 13,75% ao ano. É o patamar mais alto da Selic desde janeiro de 2017.

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Para Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central, a fala de Haddad foi uma pressão “particularmente desastrada” sobre a autoridade monetária.

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Ele ainda destacou que, por mais que o Banco Central veja com bons olhos as medidas que o Ministério da Fazenda está adotando, a reoneração ajuda a reduzir o desequilíbrio fiscal, mas não é o suficiente para muda trajetória de política monetária.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, aponta que a reoneração de combustíveis, ainda que adiada e suavizada, é uma demonstração de força de Haddad.

Por outro lado, os planos fiscais do ministro estão longe de se estabelecerem plenamente, tal qual ainda pouco se sabe sobre o novo arcabouço fiscal.

“As falas do ministro ontem sobre os juros do Banco Central são completamente contraproducentes, e tendem a piorar a necessidade de austeridade do BC”, diz.

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Além disso, ele salienta que os dizeres de Haddad ampliam o receio do mercado de que, em 2025, seja indicado para o comando da autoridade monetária sujeito a interferências do Poder Executivo.

A opinião é compartilhada por Sergio Vale. Economista-chefe MB Associados. Ele disse ao Broadcast que não o faz sentido Haddad colocar pressão sobre o Banco Central e que causa ruídos desnecessários.

Para ele, a reoneração não é fator-chave para cortes na Selic, sendo que o que vai fazer diferença no futuro da taxa de juros é o arcabouço fiscal.

Vale destacar também que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve sentir as mudanças nos impostos.

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Para Bruno Balassiano e Fábio Serrano, do BTG Pactual, o impacto direto sobre o IPCA é de cerca de +34pb – menor do que a premissa anterior de +74pb, que considerava a reoneração completa. Ou seja, a inflação deve subir nos próximos meses, dificultando ainda mais uma redução da Selic.

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Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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