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Cofco expande capacidade em etanol no Brasil; vê preços do açúcar pressionados

28 out 2019, 13:55 - atualizado em 28 out 2019, 13:55
O chefe global de softs da Cofco, Marcelo de Andrade, disse a repórteres que a empresa está construindo novas colunas de destilação e tanques em três de suas quatro plantas no Brasil (Imagem: REUTERS/Thomas Peter)

A chinesa Cofco International está investindo em suas unidades de processamento de cana no Brasil para expandir a produção de etanol, à medida que vê o biocombustível mantendo melhores retornos em relação ao açúcar na próxima temporada.

O chefe global de softs da Cofco, Marcelo de Andrade, disse a repórteres durante a Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol 2019 que a empresa está construindo novas colunas de destilação e tanques em três de suas quatro plantas no Brasil, visando o aumento da capacidade em etanol.

O investimento é um indicativo de que a operadora chinesa não vê qualquer avanço significativo nos preços do açúcar no curto prazo, apostando que o etanol continuará a garantir maior lucratividade às usinas brasileiras, algo que já ocorreu nas duas últimas temporadas.

“O panorama continua sendo favorável ao etanol. O mercado do açúcar está achatado, há muito açúcar na Índia“, disse Andrade.

Ele acredita que o mercado do açúcar precisa avançar para cerca de 14 centavos de dólar por libra-peso para começar a atrair vendas do adoçante da Índia. “Há essa questão no mercado, os estoques indianos de açúcar, então acho que teremos mais um ano nos atuais níveis de preços”, afirmou.

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Andrade afirmou que os novos investimentos permitirão que a empresa altere seu mix de produção em 10 pontos percentuais em favor do etanol (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O executivo da Cofco disse que as usinas brasileiras provavelmente começarão a favorecer a produção de açúcar ante etanol apenas quando os preços atingirem um nível próximo aos 15 centavos de dólar por libra-peso. Nesta segunda-feira, as cotações do açúcar bruto em Nova York giravam ao redor dos 12,50 centavos por libra-peso.

As usinas do Brasil atingiram na temporada passada uma mínima recorde de alocação da cana para a produção de açúcar, com 35%, direcionando 65% para a fabricação do biocombustível. Elas caminham para um mix semelhante nesta temporada, à medida que preços e demanda por etanol permanecem fortes no mercado local.

Andrade afirmou que os novos investimentos permitirão que a empresa altere seu mix de produção em 10 pontos percentuais em favor do etanol.

A companhia deve moer cerca de 15,2 milhões de toneladas de cana nesta temporada, e planeja ampliar o volume para 17 milhões de toneladas na próxima temporada.

O executivo disse que a empresa chinesa continua observando alvos para aquisições no setor no Brasil, mas ainda precisa encontrar o ativo correto.

“Nunca tive tanta pressão da Cofco para comprar usinas quanto tenho agora”, disse ele, acrescentando que as unidades que avaliou até agora apresentavam problemas excessivos em relação a dívidas e falta de licenças operacionais, uma vez que tais empresas deixaram de pagar impostos e outras obrigações devido às dificuldades financeiras.

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