Renda fixa: Com Selic a 15%, prefixados ganham força; é hora de garantir o rendimento?

Com a taxa Selic em 15% ao ano e a sinalização do Banco Central de que os juros devem continuar elevados por um bom tempo, cresce o interesse de investidores por títulos prefixados.
A lógica é simples: travar hoje uma remuneração alta e, no futuro, aproveitar a valorização desses papéis caso o cenário de queda dos juros se concretize — principalmente por meio da marcação a mercado.
- LEIA TAMBÉM: As recomendações mais “premium” do BTG Pactual gratuitamente – veja como acessar uma curadoria semanal de relatórios do banco
Brasil, o país da renda fixa
Em entrevista ao Money Times, Viviane Las Casas, diretora de renda fixa da Valor Investimentos, afirma que, no Brasil, “o investidor é muito bem remunerado para ser conservador”.
“Os títulos pós-fixados, atrelados ao CDI ou à Selic, hoje entregam uma rentabilidade interessante para quem adota uma postura mais cautelosa, além de contribuírem para reduzir a volatilidade da carteira”, diz.
Mas é justamente nos prefixados que surge a possibilidade de ganhos adicionais para quem estiver disposto a assumir mais risco.
Viviane explica que, com a curva de juros mais fechada nas últimas semanas, os investidores que compraram esses papéis há poucos meses já estão colhendo frutos.
“Quando olhamos para fevereiro, um prefixado com vencimento em 2032, por exemplo, era negociado a cerca de 15% ao ano. Hoje, o mesmo ativo está pagando menos de 14%. Ou seja, quem entrou antes já viu uma valorização relevante.”

Marcação a mercado
Esse movimento é explicado pelo comportamento da chamada marcação a mercado, que faz o preço dos papéis variar antes do vencimento conforme a expectativa dos investidores em relação à trajetória da Selic.
Na prática, quando a estimativa para a taxa de juros cai, os títulos prefixados se valorizam, enquanto quando sobe, eles perdem valor.
Assim, quem compra títulos prefixados quando os juros estão mais altos pode ter lucro mesmo antes do vencimento, caso o cenário se reverta.
Risco e prazo: foco em prefixados curtos
Em entrevista ao Money Times, Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, também ressaltou que vê bons motivos para investir em prefixados no cenário atual, embora defenda uma carteira diversificada.
A preferência, segundo ele, recai sobre papéis de prazos mais curtos, com vencimentos entre 2028 e 2029.
“Se não houver cortes nos juros, há risco de prejuízo com uma eventual reabertura da curva. Por isso, quanto maior o duration, maior o impacto da oscilação”, explicou.
O gestor alertou que os juros futuros têm mais influência na precificação desses ativos do que a Selic atual, já que o mercado antecipa os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Já existe um orçamento de corte embutido na curva. Por isso, é importante entender o quanto o papel já carrega dessa expectativa.”
Ele também defende mesclar os prefixados com outros instrumentos, como os indexados ao IPCA, que oferecem proteção em caso de alta da inflação.
Além disso, assim como Viviane Las Casas, Ian lembra que os pós-fixados seguem relevantes. “Gosto de manter até 20%, 25% nesses papéis, porque em cenários de frustração fiscal, por exemplo, eles tendem a oferecer um retorno atrativo, acompanhando a Selic elevada.”
Vantagens e cuidados
Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, também disse ao Money Times que considera o momento atual oportuno para os prefixados — tanto públicos quanto privados.
“Eles oferecem uma rentabilidade conhecida desde o início, trazendo previsibilidade, o que é muito atrativo para o investidor”, afirmou.
Ainda assim, ela alerta para alguns pontos de atenção, como o risco de inflação persistente, o crédito do emissor (em especial no caso de empresas) e a possibilidade de novas altas nos juros, que podem pressionar o valor de mercado dos papéis.
“É fundamental avaliar o cenário econômico e suas necessidades financeiras, além de procurar um profissional que possa apoiar e auxiliar nessas escolhas”, recomendou.
Diversificação é o caminho
Apesar da atratividade dos prefixados, o consenso entre os especialistas é que este é um momento favorável para praticamente todas as estratégias dentro da renda fixa.
A chave, segundo eles, está em combinar os instrumentos conforme o perfil e objetivo do investidor — seja carregando até o vencimento ou aproveitando oportunidades com a marcação a mercado.