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Começou mal: Gestores viram a cara para fusão entre Vibra (VBBR3) e Eneva (ENEV3), dizem fontes

27 nov 2023, 19:41 - atualizado em 27 nov 2023, 23:11
Eneva ENEV3
Dynamo e Squadra não gostaram do que viram, segundo fontes (Imagem: Divulgação/Eneva)

Apesar de criar uma das maiores empresas de energia na bolsa, a fusão proposta pela Eneva (ENEV3) para se unir a Vibra (VBBR3) não agradou gestores, segundo fontes.

Ao Brazil Journal, Guilherme Aché, da Squadra, nome de peso no mercado, mas que possui participação de 4% na Vibra, disse que “vai brigar” para o negócio não acontecer.

“Achamos esse deal (acordo) um absurdo. Está havendo um takeover em que a empresa vendida está pagando um prêmio para ser comprada. Não há sinergia clara entre as operações. Não acreditamos na lógica comercial comentada e, mesmo no cenário improvável em que ela se torne realidade, vemos os ativos da Vibra como os grandes viabilizadores”, afirmou.

Já a Dynamo, que possui participação em ambas as empresas, com fatia que chega a 30%, também não gostou do que viu, segundo apuração do Pipeline, site ligado ao Valor Econômico.

Conforme a reportagem, a gestora não considera os termos razoáveis para a Vibra e, se ficar do jeito que está, a proposta será negada pelo player. Apesar disso, segundo o site, a Dynamo vê valor na fusão, sem, no entanto, expressar os termos ideais da proposta.

Além das gestoras, analistas de mercado tiveram a mesma impressão.

De acordo com eles, a junção das companhias parece ser mais vantajosa para Eneva. Isso porque, a proposta do negócio seria por meio de uma troca de ações (50%/50%), ou “merger of equals”.

Contudo, até a última sexta-feira (24), a Vibra tinha um valor de mercado superior ao da Eneva, que estaria avaliada em R$ 20,7 bilhões, enquanto Vibra valia R$ 25,9 bilhões.

Mas, segundo Ruy Hungria, da Empiricus Research, também existe outra questão importante para se atentar: a Eneva passa por um período difícil “e boa parte da capacidade de geração de resultado tem sido comprometida por causa da questão dos despachos”.

Enquanto isso, na visão de Hungria, a Vibra tem um perfil de geração de caixa muito mais previsível e estável. “Talvez, o acionista da Vibra não esteja muito interessado nesse perfil mais arriscado, que é o perfil da Eneva”, disse em entrevista concedida ao programa Giro do Mercado. Confira a live completa abaixo:

Os riscos da fusão entre Eneva e Vibra

O BB Investimentos está em linha e avalia que, quando observados períodos mais longos em Vibra, vê uma consistente geração de caixa, com risco relativamente baixo.

Além disso, a corretora destacou que a empresa investiu recentemente em novos negócios que já trouxeram diversificação nas receitas, como:

  • maior exposição ao mercado de energia, através da Comerc;
  • evolua Etanol, trading de etanol com a Coopersucar;
  • participação na Zeg Biogás para produção de biometano;
  • Brasil Bio Fuels para produção de querosene de afiação sustentável.

Do lado negativo, o BB selecionou:

  • a elevada alavancagem da Eneva;
  • perfil mais agressivo de crescimento da companhia;
  • valuation menos favorável aos minoritários da Vibra;
  • adição de novas capacidades no mercado de gás natural nos próximos anos, dados os projetos em implantação pela Petrobras, como o Rota 3, BM-C-33 e o SEAP — que pode reduzir os custos do mercado de gás e afetar a competitividade dos projetos da Eneva.

Com Janaina Silva

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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