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Comercializadora de energia é alvo da CCEE por riscos, mas setor vê caso isolado

09 dez 2020, 17:11 - atualizado em 09 dez 2020, 17:11
Setor Elétrico Energia
Não se consegue de imediato apurar o tamanho exato do rombo, mas pelo porte da Alfa, entendo que a preocupação é mais lateral (Imagem: Unsplash/@mischievous_penguins)

A comercializadora de eletricidade Alfa Energia teve operações limitadas nesta semana pelo órgão responsável pelo monitoramento do mercado após a identificação de potenciais riscos em suas atividades, embora agentes do setor digam que o problema provavelmente não terá impacto relevante sobre outras empresas.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) disse à Reuters que a Alfa, uma “trading” de menor porte, foi colocada sob regime de “contingência”, no qual só pode registrar novos contratos de compra e venda de energia se estes não afetarem negativamente sua exposição financeira no mercado.

A atuação da CCEE remete a episódios vistos entre o final de 2018 e meados de 2019, quando um salto inesperado nos preços no mercado livre de energia, no qual atuam as comercializadoras, pegou algumas empresas no contrapé e levou muitas a não conseguirem cumprir compromissos milionários com clientes.

Naquela ocasião, a CCEE colocou diversas comercializadoras sob regime de “operação assistida” e desligou outras do mercado, enquanto a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) iniciou debates sobre regras para aperfeiçoar a segurança das transações no mercado de energia.

Mas agentes do setor de comercialização afirmam que o impacto dessa vez deve ser baixo devido ao pequeno porte da Alfa e ao aprendizado com os problemas do passado, que aumentou a cautela das operações no segmento.

“Não se consegue de imediato apurar o tamanho exato do rombo, mas pelo porte da Alfa, entendo que a preocupação é mais lateral”, disse à Reuters o sócio especialista de energia do escritório Baraldi Mariani Advogados, Rômulo Mariani.

“De fato, por enquanto, não se espera nada parecido ao que ocorreu início do ano passado.”

O presidente da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, disse não ter conhecimento da situação da Alfa, mas também destacou não haver tensão no mercado sobre possíveis inadimplências.

“O mercado não está nem um pouco preocupado”, afirmou.

Procurada, a Alfa Energia disse em nota à Reuters que não iria comentar devido a acordos de confidencialidade sobre seus contratos.

A CCEE disse em nota que “realiza permanentemente o monitoramento do mercado, prezando pela segurança nas relações comerciais” e que seu conselho de administração decidiu colocar a Alfa sob o regime de “contingência”, que limita o registro de novos contratos.

“A CCEE ressalta que, sempre que identifica algum risco ou efeito que possa prejudicar o setor, adota as medidas cabíveis pela regulamentação vigente para impedir ou mitigar seus impactos”, afirmou, sem detalhar.

Não foi possível calcular os riscos associados à empresa. Duas fontes disseram que a comercializadora alertou clientes sobre dificuldades para cumprir contratos antes da decisão da CCEE. Uma terceira fonte disse que a Alfa já havia sido fortemente impactada pelo tumulto gerado no mercado em 2019.

Os problemas da comercializadora podem também estar relacionados a uma forte volatilidade recente nos preços à vista no mercado livre de eletricidade, ou Preços de Liquidação das Diferenças (PLDs), associada a incertezas sobre as chuvas na região das hidrelétricas e outros fatores, disseram as fontes.

Os preços saíram de um nível abaixo de 100 reais por megawatt-hora no final de setembro para 381 reais no início de novembro e um teto regulatório de 559 reais em meados do mês. Nesta semana, os valores caíram abruptamente para 214 reais por MWh.

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