Opinião

Como a arte pode ajudar a explicar o futuro do Bitcoin?

14 set 2018, 9:00 - atualizado em 12 set 2018, 19:30

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Por Bernardo Faria, sócio da Foxbit

Experimentar uma nova tecnologia por meio da arte é uma maneira eficaz de entender a utilidade e o potencial de determinada inovação. Quando a complexidade de um conceito é traduzida em uma experiência visual e lúdica, torna-se mais fácil de assimilar o propósito em questão e de angariar usuários para determinada aplicação. Em outro artigo, discuto a importância do papel da arte e da inovação na construção dos negócios do futuro.

Em meados de junho, surgiu uma aplicação na web chamada Satoshi’s Place, que funciona com base em um protocolo de comunicação construído sobre a Blockchain do Bitcoin, conhecida como Lightning Network (LN).

Antes de explicar para que serve e como funciona a aplicação, vale a pena entendermos o que é a LN. Basicamente, trata-se de uma rede cujo objetivo é permitir que microtransações de Bitcoin sejam feitas de forma instantânea e a custos insignificantes. A necessidade dessa tecnologia deve-se ao limite de performance inerente à Blockchain do Bitcoin (atualmente capaz de processar até 10 pagamentos por segundo) e ao alto custo associado para transacionar em momentos de alta demanda (em dezembro de 2017, por exemplo, a taxa para processar uma transação com Bitcoin chegou a custar mais de US$50).

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Muitos acreditam que a LN será a rede que irá processar a maioria das transações feitas com Bitcoin em um futuro próximo, quando a tecnologia estiver mais desenvolvida e testada. De qualquer forma, a nossa discussão neste artigo gira em torno da palavra que propositalmente negritei e sublinhei acima: microtransações.

O conceito de microtransação não faz parte do nosso dia a dia. Tanto com o dinheiro em espécie quanto com o dinheiro digital que existe em nossa conta bancária online, a menor unidade divisível é a de 1 centavo. Na prática, não compramos nada por 0,1 centavo de dólar, muito menos por 0,001 centavo.

Mas e se fosse possível pagar um milésimo de centavo para ler um artigo online? Ou então fazer um micropagamento para assistir a um trecho de um filme ou escutar uma música? Acredito que a possibilidade de realizarmos microtransações abrirá um leque infindável de aplicações.

Satoshi’s Place foi criado para oferecer essa experiência de realizar um micropagamento através da Lightning Network. O site compreende uma espécie de tela de pintura digital cujo tamanho é de 1 milhão de pixels. Sobre esta tela, qualquer pessoa pode desenhar e/ou colar imagens. Para cada pixel desenhado paga-se a quantia de 1 satoshi (a menor unidade de um Bitcoin). Portanto, se criarmos uma imagem com 10 mil pixels, pagaremos 10 mil satoshis, algo em torno de US$0,66. Mas se você quiser fazer apenas um pontinho branco na tela, você pagará 1 satoshi, o que seria o equivalente a US$0.00006663.

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Neste vídeo, podemos ver um time lapse que mostra como as pessoas foram desenhando coisas aleatórias no aplicativo ao longo de dois dias. Segundo o criador do site, um sujeito anônimo de 21 anos, mais de 10 milhões de pixels já foram desenhados no site.

Ao mesmo tempo em que a arte nos ajuda a visualizar o poder das microtransações, é importante destacar que, no momento, utilizar a Lightning Network ainda demanda um considerável conhecimento técnico. Contudo, se você quiser brincar com o Satoshi’s Place, é possível fazê-lo utilizando uma carteira de Bitcoin que permite que você envie transações via LN. Clique aqui para ler um guia (em inglês) de como utilizar o Satoshi’s Place.

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opiniao@moneytimes.com.br