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Rumor de washout nos grãos; todo mundo sabe que existe mas nunca ninguém viu, como boi a termo

08 fev 2021, 13:02 - atualizado em 08 fev 2021, 13:13
Soja
Entregas internacionais contratadas poderiam estar sendo renegociadas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker/File Photo)

Na pecuária, boi vendido a termo, aquele negociado antes para entrega futura, é quase um palavrão, porque quem vende não fala e quem compra também não. Nas commodities, a recompra de contratos de exportação é um equivalente. Todo mundo sabe que existe, mas ninguém nunca viu.

Se fosse por uma dificuldade de entregar o produto para o importador, por uma razão sólida como quebra extraordinária de safra, o washout poderia ser notícia. Mesmo porque está previsto nos contratos internacionais, onde o recomprador paga ou recebe a diferença sobre o preço da venda, a depender do valor do momento.

Mas como agora, sob rumores ganhando força no mercado, lastreado em especulação de preços mais vantajosos à frente, da soja e até do milho, a coisa pega mal. Na primeira semana de agosto de 2020, Money Times abordou a mesma situação, quando o prêmio no porto para a soja estava em 190 pontos.

“Tem muita fumaça sobre isso, mas o pessoal sério diz que vai cumprir os contratos”, diz o analista Vlamir Brnadalizze, para quem essa prática, baseada em oportunismo de preço, pode tirar o vendedor do mercado.

Pessoal sério, para Flávio França Jr, da Datagro, são as tradings, entre as quais as grandonas mundiais. Mas o mercado tem uns participantes de outro naipe, sim, ainda que de baixa intensidade.

Para ele, há uma possibilidade de estar ocorrendo ou vir a ocorrer a recompra para venderem as commodities no mercado interno, “já que os preços estão muito altos”. E devem subir mais, principalmente depois da colheita da safra 20/21 e sem os estoques dos americanos, que vão entrar em safra no segundo semestre.

Marcos Araújo, da Agrinvest, lembra que “isso [especular] tem todo dia em todos os mercados”.

Com a demanda chinesa crescente, os prêmios sobre Chicago deverão ser manter fortes, e pode estimular o movimento, acredita Marlos Correa, da InSoy Commodities, outro que também só tem ouvido rumores.

Entre algumas realizações de lucros, a soja tem solidez na bolsa de commodities americana, contando com a força do atraso na colheita brasileira. Nesta segunda (8), o contrato março está US$ 13,87/bushel, em mais 1,37%, às 13h13 (Brasília).

Há notícias distribuídas por agências internacionais, na semana passada, de que compradores chineses igualmente estariam recomprando posições, em razão da redução das margens das indústrias.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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