Como fica o investimento em uma startup com esta crise?
Os mercados derreteram nesta segunda-feira.
E vão continuar nesta instabilidade.
Por que o que não falta é lombada nesta reta que é o desenvolvimento da macroeconomia brasileira e global:
* Temos o ímpeto do presidente e sua bombástica interação com os poderes.
* Reformas da previdência e o trânsito entre as casas legislativas
* As potenciais reformas seguintes, como a tributária, e gatilhos para acelerar a economia.
* O duelo comercial EUA x China.
* A desaceleração da economia chinesa.
* BREXIT e a desaceleração da Europa.
* Os conflitos da Rússia e seus impactos no leste europeu.
Isso para dizer o que veio à tona de cara – porque tem mais coisas por aí.
E neste cenário o fluxo de investimento é claro: a corrida é para ativos de menor volatilidade, ou seja, menor risco. Por isso as bolsas de valores ao redor do mundo tiveram forte queda ao redor do planeta, na pior segunda-feira do ano.
Isso pode mudar a perspectiva de como investidores aplicam seus recursos em novos negócios, como startups?
Olha… Vamos enxergar sob alguns prismas. Ou como tudo na vida, depende.
A tendência natural é sim, talvez um cenário de instabilidade de longo prazo pode mexer com a grande liquidez que encontramos hoje no mercado de venture capital. Mas existem algumas considerações a pensamos juntos:
* Nunca houve tanto dinheiro disponível para investimentos – não à toa se fala hoje de mega rodadas, aquelas com aportes acima de US$ 100 milhões;
* No entanto elas estão disponíveis para quem supera o Seed/Early Stage, indo para as rodadas A, B, C em diante. Ou seja, para quem depende do investimento-anjo, neste primeiro momento pode ser um momento de recrudescimento de capital;
* Mas… temos um incremento de iniciativas em corporate venture e mesmo a formatação de fundos menores para aportes em projetos nos seus estágios iniciais, o que pode dar vazão ao investimento que a “pessoa física” (anjo) pode acometer por receio do cenário macroeconômico local ou externo.
Não acredito que um problema no cenário externo global ou inconsistência aqui – que não seja grave, mas nada neste sentido se apresenta no horizonte – possa atrapalhar o mercado de Venture Capital por aqui.
Talvez o que veremos é um funil mais apertado para projetos passarem pelo vale da morte, aonde acontece o encontro entre construção do produto/serviço e a necessidade de mercado – o famoso product/market fit. Para quem sobreviver, os louros (leia-se recursos) serão abundantes.
Por outro lado, teremos projetos mais auto-sustentáveis, ou seja: que geram um mínimo de caixa para subsistência desde o dia 01. O que vai bater de frente com o final do texto e o próprio conceito de startup, para aqueles mais ortodoxos em relação ao tema.
Bons projetos, bem estruturados e com uma jornada consistente de crescimento terão capital e rede de pessoas e canais para crescer e criar uma trajetória legal ao mercado.
O que me preocupa é outra coisa, principalmente quando vejo os modelos de negócios que estão tomando mega rodadas lá fora: a consistência e potencial sobrevivência de startups que não possuem lucro certo em sua existência.
O risco sistêmico em cima de modelos de negócios que hoje conhecemos como plataforma – uma evolução do Marketplace – pode levar a gente para um cenário bem complicado, e aí sim com efeitos sobre o cenário nacional.
Mas isso é assunto para outro post. Até lá!