Macro Summit Brasil 2024

Como lucrar com um Brasil que está interessante (e mais rico), segundo Landau, da Vista, e Woelz, da Kapitalo

09 abr 2024, 20:00 - atualizado em 09 abr 2024, 20:32
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João Landau (a esquerda) e Carlos Woelz (a direita) dizem o que pensam e onde estão investindo com o cenário macro atual (Imagem: Macro Summit / Bianca Barsotti)

Apesar de todos os problemas, o Brasil está interessante, vê João Landau, da gestora Vista Capital. Para ele, a política é menos importante do que as pessoas imaginam para o crescimento econômico.

“Estamos crescendo cada vez mais o PIB (Produto Interno Bruto) por conta das commodities. Perdemos oportunidades, se a gente tivesse boas políticas, estaríamos crescendo 2%, 3%. Mas isso não quer dizer que o país não vai crescer”, afirma.

Landau participou do painel “Risk Takers: Onde os grandes gestores estão investindo”, dentro do  Macro Summit Brasil 2024, evento online gratuito sobre cenário macroeconômico e mercado financeiro realizado pelo Market Makers, um dos principais hubs de conteúdo financeiro do Brasil, em parceria com o Money Times e Seu Dinheiro.

“Estamos com o macro do país que poucas vezes vi, está mais estável, você fez reformas. Porém, temos um risco no ar de fazer alguma besteira. Se a gente não tivesse políticas ortodoxas, estaríamos crescendo 5%”, destaca.

Segundo Landau, o próprio governo cometeu alguns erros, o que não impediu o país de crescer. “Há lados bons e ruins no governo, mas estamos em um movimento muito especial do Brasil. Depois, aumentamos a quantidade de commodities, o que é muito interessante. As pessoas subestimam a quantidade”, argumenta.

O gestor coloca ainda que, no final do dia, se o país “conseguir crescer despesa e receita, maravilha”.

“É lógico que você quer que o país cresça de maneira saudável, mas quando você olha não o que você gostaria que fosse, mas o que é, a verdade é que as despesas subiram 15%, 20%, mas arrecadação 15%, 20%. O Brasil está mais rico”, vê.

Nesse momento, o gestor diz que possui posição em Bolsa e procura investir em empresas que possam suprir essa demanda para sustentar o crescimento.

“O nominal no Brasil é muito forte e essas ações estão muito no osso com o prêmio de equity. Tem esse risco do Brasil bater no muro e achamos que esse muro pode ser o porto, pode ser infraestrutura, pode ser ferrovia, shopping. A gente tenta pegar empresas que são o muro. O muro no final do dia é falta de oferta” destaca.

Hora de apostar no real? Eis a resposta de Woelz, da Kapitalo

Carlos Woelz, da Kapitalo, e que também participou do painel, não está super animado com o real, mas possui uma posição de torno de 10% a 20% na moeda. “Se não desacelerar, a gente se beneficia muito da pressão das cadeias produtivas de commodities. O real não performou bem, mas nem perdeu muito”, discorre.

Para Woelz, no entanto, o mercado está desconfiado com a troca do Banco Central. O mandato de Roberto Campos Neto se encerra no final de ano e o presidente Lula, enfim, poderá indicar o seu nome, após uma série de atritos com o atual comandante do BC.

“O mercado está com uma visão de que o BC será outro com a mudança de presidente. Essa ideia que o BC irá parar antes de continuar é uma possibilidade, mas não é muito lógica sob o ponto de vista de BC independente. Em certo sentido, seria um fracasso”, discorre.

Além disso, segundo ele, parte dos investidores precifica de maneira zero uma barbeiragem na condução da política monetária. “Foi muito prudente o ciclo até agora. E a hora de parar (de subir os juros) foi extremamente prudente”,

Juros nos Estados Unidos vão cair ou não?

Sobre os juros americanos, um dos principais temas do cenário macro atual, os gestores estão pouco mais otimista. Atualmente na faixa entre 5,25% e 5,50%, a expectativa de parte do mercado é que as taxas caiam em junho.

Woelz lembra que houve repique de inflação e de atividade nos Estados Unidos, enquanto o Fed continuou mostrando disposição para acomodar atividade e não deixar a economia entrar em recessão.

“Não está parecendo necessária gerar uma desaceleração econômica agora, que é uma coisa super difícil de fazer. Existe essa disposição de manter o cenário muito agradável, onde as pessoas estão empregadas, o desemprego não está caindo e nem subindo. Não é à toa que os bancos centrais estão loucos para manter esse cenário agradável e os dados, na média, estão contribuindo”, argumenta.

Por outro lado, ele acredita que os cortes virão. “Para mim, o importante é o Fed cortar, não importa nem quando nem quanto. Porque no final, quanto ele começar a cortar, ele vai cortar até garantir que a economia não desacelere. Ele vai cortar até a curva inclinar um pouco”, argumenta.

E, para aproveitar esse momento, o gestor afirma que está com exposição aplicada bem diversificada globalmente, para aproveitar tanto cases onde os dados já estão “fortemente nessa direção”, quanto os cases onde há “pouco para perder”.

“Uma carteira diversificada nesse momento vale a pena. Preço é muito importante”, completa.

O grande divisor de águas para Fed para o gestor, no entanto, será o CPI americano, que deverá ser divulgado amanhã.

A previsão do mercado é ter um CPI subindo 0,3% em março, uma alta anual de 3,4% contra uma alta mensal de 0,4% em fevereiro e no anual 3,2%. “Tivemos uma inflação muito baixa no segundo semestre do ano passado e um repique. Qual dois vai prevalecer? Eu vejo nesse CPI, e no próximo, a resolução dessa guerra de narrativas”, coloca.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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