Coluna do Hsia Hua Sheng

Como parcerias entre Brasil e China podem avançar as metas de carbono zero?

01 nov 2023, 11:39 - atualizado em 01 nov 2023, 11:39
Bandeiras do Brasil e da China
Desde 2022, as empresas do Brasil e China tem se esforçado para ajudar a reduzir emissão de carbono ao longo da cadeia produtiva. (Imagem: REUTERS/Tingshu Wang/Pool)

A tendência de parceria e investimento entre Brasil e China estão seguindo no sentido de avançar o processo de descarbonização e atingir meta de emissão zero. Como as empresas dos dois países podem se ajudar a produzir mais eficientemente e emitindo menos gás carbônico? E o que essas empresas vem inovando e desenvolvendo tecnologias para reduzir emissão de carbono em toda sua cadeia produtiva local e global?

Diferentemente das fases anteriores da relação econômica entre Brasil e China, onde a transação comercial e investimento eram os principais pilares, esta nova fase é voltada para economia verde e sustentável.

O governo brasileiro está adotando a neo-industrialização com foco em tecnologia e sustentabilidade ambiental. Já o governo chinês também se comprometeu em atingir o pico da emissão de carbono antes de 2030 e neutralizar as emissões até em 2060.

Nesse contexto, as estratégias de descarbonização agregariam os valores para stakeholders e acionistas das empresas que têm essa meta. As ações pró-descarbonização executadas pelas empresas serão determinantes na continuidade de sua participação não só no comércio bilateral, mas também na inserção de cadeia de suprimento global lideradas pelas multinacionais dos dois países.

Portanto, a inserção das empresas brasileiras na cadeia de suprimento verde local na China será fundamental para a sustentabilidade da expansão do negócio. Essa lógica também vale para empresa chinesa no Brasil.

Brasil e China: Estratégias de investimentos em descarbonização

Desde 2022, as empresas dos dois países tem se esforçado nesse sentido. Para ajudar a reduzir emissão de carbono ao longo da cadeia produtiva, as empresas brasileiras e chinesas estão desenvolvendo em conjunto produtos inovadores para se adaptar o novo processo de descarbonização de seus clientes locais.

Esse desenvolvimento conjunto possibilita não só a inserção das empresas na cadeia de produção local, mas também possibilita acompanhar seus clientes caso ela queira expandir sua fabricação global além de seu país de origem.

Por exemplo, recentemente, a Vale (VALE3) testou, com sucesso, um novo briquete de minério de ferro que usa gás natural em vez de carvão para fabricação do aço. Essa tecnologia torna a produção de aço mais limpa, pois emite 80% a menos de CO2. E, se as siderúrgicas chinesas expandirem para o Sudeste Asiático, essa tecnologia exclusiva da Vale também vai garantir sua inserção nas novas fábricas dessas empresas fora da China.

Outras empresas brasileiras também apresentam soluções e inovações de descarbonização. Por exemplo, a Suzano (SUZB3) também vem desenvolvendo soluções individualizadas para substituir materiais derivados de fontes fósseis para seus clientes chineses. Iniciativas semelhantes também estão sendo adotadas pela Eldorado Brasil e Klabin (KLBN11).

Já a JBS (JBSS3) se comprometeu com Net Zero 2040 e tem investido no desenvolvimento de cadeia produtiva verde. A JBS Biodiesel, que produz combustível a partir do sebo bovino, foi reconhecida como a empresa mais eficiente na emissão de créditos de descarbonização (CBIOs) no segmento de biodiesel.

Por outro lado, as empresas chinesas também estão investindo descarbonização para se inserir na cadeia produtiva brasileira. A BYD e Great Wall Motor estão trabalhando com fornecedores brasileiros para montar os automóveis elétricos no Brasil.

Existe a necessidade de desenvolver localmente os novos componentes na montagem do veículo que não faziam presentes nos automóveis à combustão. De acordo com especialistas do setor, o propulsor elétrico, o sistema de baterias e outros componentes são exemplos importantes nessa construção. Todo conjunto de suspensão e freagem também precisa ser redesenhado para condições de estradas brasileiras.

A empresa de aplicativo 99 também está patrocinando 300 carros elétricos da BYD para o transporte na cidade de São Paulo.

Já as empresas State Grid, CTG e SPIC, que atuam em todos os segmentos do setor elétrico no Brasil, também têm implementados ações de descarbonização para fazer a transição energética.

Essas empresas possuem programas de energias sustentáveis e soluções inteligentes e customizadas para ajudar seus clientes a maximizar os impactos positivos no meio ambiente e na cadeia de valor relacionado com setor energético.

Por fim, a descarbonização é a bola de vez para empresas que tem negócio Brasil e China. Esse direcionamento é apoiado tanto pelo governo quanto pelas grandes multinacionais dos dois países.

Para quem gostaria de se inserir também essa nova diretriz de cadeia de suprimento global, há uma nova oportunidade de negócio de fazer isso, participando presencial ou virtualmente do CIIE 2023 (China International Import Expo).

A maior feira importação da China que acontecerá de 05 a 10 de novembro na China, cujo tema principal deste ano é “green, health, innovation, development and sustainability”.

*As análises e opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam uma visão das instituições das quais o autor pertence.

Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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