Consumo das famílias impulsiona o PIB brasileiro apesar da maior taxa de juros em quase 20 anos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025, acumulando alta de 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O destaque dessa expansão, porém, está no consumo das famílias, que se manteve como o principal motor da economia mesmo com a taxa básica de juros (Selic) atingindo 15% ao ano — a maior em quase duas décadas.
Segundo os dados do IBGE, o consumo das famílias cresceu 0,5% na passagem do primeiro para o segundo trimestre, enquanto o consumo do governo recuou 0,6% e os investimentos caíram 2,2%. As exportações cresceram 0,7%, mas têm peso menor em comparação ao consumo doméstico, que representa 63,8% do PIB, frente a 18% dos investimentos.
Por que o consumo das famílias lidera a alta do PIB?
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o desempenho do consumo está diretamente ligado à evolução positiva dos salários reais, além do impacto dos programas de transferência de renda e da política fiscal expansionista.
“A gente continua com o crescimento do total dos salários reais recebidos pelas famílias, a gente continua com os programas de transferência de renda, é a política fiscal ajudando”, afirmou Palis à Agência Brasil.
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Outro fator crucial para esse cenário é a menor taxa de desemprego já registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012. No segundo trimestre de 2025, apenas 5,8% dos brasileiros estavam sem trabalho, proporcionando maior estabilidade para o consumo.
Além disso, o rendimento médio mensal dos trabalhadores atingiu R$ 3.477, um aumento de 3,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.