Coluna do Fabrício Gonçalvez

Copom: Por que mesmo com deflação, Selic continuará alta até 2023?

24 out 2022, 12:01 - atualizado em 24 out 2022, 12:01
Inflação
“O resultado dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IPCA no mês passado”, afirma o colunista (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,29% em setembro. Foi  o terceiro mês seguido de taxa negativa. Em julho deste ano, a medida de inflação registrou queda de 0,68%. Em agosto, o indicador contraiu 0,36%.

Com o resultado do mês passado, o IPCA acumula alta de 4,09% no ano e de 7,17% nos últimos 12 meses. No mesmo período de 2021, a taxa mensal havia sido de 1,16% e a inflação acumulada era de 10,25% na comparação anual.

A redução no preço dos combustíveis, mais uma vez, contribuiu para a queda da principal medida de inflação ao consumidor no país.

A gasolina, que possui forte participação no índice, recuou 8,33% e colaborou com o maior impacto individual em setembro (-0,42%). O etanol (-12,43%), o óleo diesel (-4,57%) e o gás veicular (-0,23%) também apresentaram retração de preços.

O grupo alimentação e bebidas, após longo período de expansão, registrou decréscimo de 0,51% em setembro.

“Os alimentos vinham apresentando crescimento desde o começo do ano, inclusive altas fortes em março (2,42%) e abril (2,06%). Essa queda de setembro é a primeira desde novembro de 2021 (-0,04%)”, afirmou o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov.

O resultado dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IPCA no mês passado.

– Comunicação: -2,08%
– Transportes: -1,98%
– Alimentação e bebidas: -0,51%
– Artigos de residência: -0,13%
– Educação: 0,12%
– Saúde e cuidados pessoais: 0,57%
– Habitação: 0,60%
– Despesas pessoais: 0,95%
– Vestuário: 1,77%

Inflação, juros e o mercado acionário

A inflação prejudica o consumo das famílias, sobretudo das que recebem salários menores, pois reduz o poder de compra da população. Além disso, dificulta o cálculo por parte do empresariado e induz a alta de juros pela autoridade monetária nacional. É uma sinalização positiva para a economia brasileira o arrefecimento dos preços.

No último levantamento do Banco Central junto ao mercado, a estimativa é que o IPCA encerre o ano em 5,62%. Já são dezesseis semanas consecutivas de revisões para baixo do índice pelo Boletim Focus para 2022.

A expectativa agora é para a convergência da taxa com a meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que está em 3,5% para este ano. O intervalo de tolerância é de 1,5%, ou seja, um limite superior em 5%. A meta é de 3,25% para 2023 e de 3% para 2024.

Por esse motivo, mesmo com os últimos dados mensais de deflação, as projeções apontam para a manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira em 13,75% até o final de 2022.

Para finalizar, os principais fatores que determinam a taxa de desconto das ações são: o aumento dos juros, visto que eleva a atratividade dos investimentos de menor risco

A inflação, que reduz o poder aquisitivo no futuro. E a ampliação do prêmio de risco das ações diante da maior incerteza sobre a lucratividade das companhias. Ao entender esses pontos, é possível ter uma melhor compreensão sobre a queda atual das empresas negociadas em bolsa.

Os investidores estarão atentos ao movimento inflacionário no país para avaliarem os próximos passos do BC e para definirem quando o Copom começará a reduzir a Selic.

Este é um fator benéfico aos ativos de risco. Os agentes do mercado esperam o início de cortes em junho de 2023, embora isso dependa do cenário econômico interno e dos efeitos do ciclo de aperto monetário promovido pelos principais bancos centrais mundiais.

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Fabrício Gonçalvez é CEO da Box Asset Management e trader parceiro do BTG Pactual.
Atua no mercado há mais de 15 anos, produz conteúdo e compartilha dicas de como manter consistência no Day Trade e Swing Trade.
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