Economia

Coronavírus levará economia global à maior recessão em 40 anos

25 mar 2020, 15:29 - atualizado em 25 mar 2020, 16:03
Mercados Wall Street NYSE
Queda livre: coronavírus deve eliminar 8 milhões de postos de trabalho nos EUA nos próximos meses (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A economia global sofrerá mais do que se supunha com a pandemia de coronavírus. Nesta quarta-feira, o banco americano Wells Fargo atualizou suas projeções para os EUA e para o PIB mundial, com base nos últimos números de contágio, mostra um relatório obtido pelo Money Times.

A conclusão é que os EUA serão arrastados para a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, com queda de 15% do PIB no segundo trimestre, e mais 5,5% no terceiro. Já o PIB global deve encolher mais de 2% neste ano.

O economista-chefe do banco, Jay H. Bryson, argumenta que as projeções divulgadas pela instituição, nove dias atrás, consideravam um cenário que se deteriorou rapidamente.

“Havia menos de 5.000 casos confirmados de Covid-19 nos Estados Unidos no começo da última semana. Esse número, agora, supera 55.000”, observa.

A projeção anterior indicava uma queda de 1,4% do PIB americano nos próximos dois trimestres. A economia global ainda encerraria 2020 com um crescimento ao redor de 1%.

Piora

O novo relatório, contudo, traz expectativas bem mais pessimistas. Bryson afirma que dois fatores se retroalimentam e pioram a freada das atividades: a expansão da pandemia e as próprias medidas adotadas por governos de todo o mundo para contê-la.

Isto porque, entre as principais ações, está a quarentena da população, o fechamento do comércio e a suspensão de atividades não-essenciais, a exemplo da China, Itália e Brasil. Nos EUA, o Wells Fargo acrescenta que um crescente número de cidades vem adotando medidas de isolamento social.

Federal Reserve
Atento: Federal Reserve já anunciou medidas para evitar depressão (Imagem: Reuters/Chris Wattie)

Outro número revisto pelo banco é o nível de desemprego nos EUA. A instituição acredita que a taxa deve disparar do atual patamar de 3,5 (o menor em 50 anos) para perto de 9% no terceiro trimestre. Isso equivale à eliminação de 8 milhões de postos de trabalho no país, nos próximos meses, segundo o economista.

Apesar de todo o cenário negativo, o Wells Fargo deixa uma nota de esperança no fim do texto. Bryson se pergunta se as projeções poderiam ser mais “sangrentas” e se os EUA estão na eminência de entrar numa depressão como a dos anos 1930.

Esperança

Para ele, a resposta é “talvez”, mas com mais chances de não, do que de sim, por um motivo já bastante conhecido.

Nos anos 30, a Grande Depressão foi causada pela inoperância do governo americano e do Federal Reserve (o banco central do país), que ainda se guiavam pelas teorias liberais clássicas. Como se sabe, somente a partir da injeção de dinheiro público, a economia dos EUA começou a se recuperar.

“Avance 90 anos. Como escrevemos em um recente relatório, o sistema bancário está bem capitalizado no momento, e o Federal Reserve anunciou recentemente uma série de medidas inéditas para apoiar o mercado de crédito nacional”, compara.

Para o banco, se a pandemia for controlada nos próximos meses, a ponto de não retornar no outono do hemisfério norte (entre setembro e novembro), os riscos de depressão serão pequenos.

“Acima de tudo, estamos razoavelmente confiantes de que os políticos tomarão medidas adicionais, se necessárias, para evitar que outro desastre econômico como o de 1930 ocorra”, diz. Resumindo: agradeça a Keynes, pelo receituário para superar a crise mais rapidamente.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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