Taxa Selic

Corte de juros à vista: Quais empresas ganham com o afrouxamento da Selic?

03 out 2025, 14:27 - atualizado em 03 out 2025, 14:27
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Taxa Selic em queda pode impulsionar ações do varejo e do setor imobiliário de médio e alto padrão, apontam analistas do BTG Pactual. (iStock/ Rmcarvalho)

O ciclo de afrouxamento monetário do Banco Central pode estar mais próximo do que se imagina. Segundo o BTG Pactual, o início do corte de juros deve ocorrer em janeiro de 2026, com reduções que podem somar até 300 pontos-base ao longo do ano.

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Em relatório, o banco destaca que os dados econômicos mais recentes confirmam a desaceleração gradual da atividade econômica no Brasil. A deterioração das condições de crédito, combinada com o alto endividamento das famílias, aponta para uma economia estagnada no horizonte próximo.

Embora as expectativas de inflação estejam em queda há algum tempo, os últimos números mostram uma leve piora na dinâmica inflacionária. Os analistas também ressaltam que a postura mais dovish do Federal Reserve nos Estados Unidos pode acelerar cortes adicionais de juros no país.

Quem se beneficia com a queda da Selic?

Empresas com dívida atrelada à Selic tendem a se beneficiar mais de cortes de juros, especialmente aquelas com alta alavancagem e margens líquidas reduzidas. Atualmente, 31% da dívida das empresas analisadas pelo BTG está indexada à Selic, ante 35% em 2024.

“Empresas domésticas tendem a ter uma maior parcela da dívida indexada à Selic (47%), enquanto exportadoras de commodities estão mais expostas à dívida em dólar e mais sensíveis à dinâmica macro global — como os preços do Brent no caso de petróleo e gás — do que à volatilidade das taxas domésticas”, afirmam os analistas.

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Setores como varejo, com 78% da dívida atrelada à Selic, e construtoras voltadas para clientes de médio e alto padrão são particularmente sensíveis às mudanças na taxa básica. Taxas menores aumentam a capacidade de crédito e o poder de compra do consumidor, impulsionando vendas e receita.

No varejo, o ciclo de afrouxamento de 2016 foi emblemático: empresas como Natura (+145%), Raia Drogasil (+67%), Lojas Renner (+163%) e Magazine Luiza (+3.289%) registraram forte valorização. Entre as construtoras, Cyrela (+221%) e Eztec (+372%) tiveram desempenho destacado no mesmo período.

Assaí é outro exemplo: com 100% da dívida (cerca de R$16 bilhões) atrelada à Selic, a empresa conseguiu valorizar suas ações em aproximadamente 10% mesmo durante o último ciclo de aperto, graças a ganhos operacionais que aumentaram a margem líquida.

Impacto em outros setores

Operadoras de shopping centers são afetadas de duas formas: operacionalmente, contratos de aluguel indexados à inflação limitam o impacto direto nas receitas; já taxas mais altas tendem a reduzir a atividade econômica e o consumo — efeito menor para empresas com portfólios dominantes, como Multiplan e Iguatemi. Apesar disso, ações do setor tendem a seguir taxas reais de longo prazo, e um ciclo de afrouxamento deve ser positivo para os shoppings.

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Utilities e empresas de logística e aluguel de veículos com alta alavancagem e dívida vinculada à Selic também podem se beneficiar, como Movida, Vamos e JSL.

Por outro lado, bancos e seguradoras tendem a se sair melhor com Selic alta. Assim como empresas com caixa líquido — ou seja, com mais recursos do que dívida — terão menor receita financeira se as taxas de curto prazo caírem. Esse é o caso de muitas empresas de tecnologia, como TOTVS, Intelbras e Locaweb, além de grandes companhias como WEG, Ambev, B3 e Cury.

E o Ibovespa?

Historicamente, quedas na Selic estão associadas à valorização do Ibovespa, especialmente em setores específicos. Durante os ciclos de afrouxamento de 2011 e 2016, o índice ex-Petro&Vale registrou alta de 31% e 73%, respectivamente.

“Embora esses ciclos mostrem alguma correlação entre taxas Selic mais baixas e desempenho mais forte do índice, o efeito tende a ser mais pronunciado no nível setorial. Fatores macro, dinâmicas específicas de cada setor e o sentimento de investidores estrangeiros também desempenham papel crítico no desempenho do mercado, podendo às vezes compensar os efeitos de movimentos de curto prazo das taxas”, observa o relatório.

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Além disso, taxas menores tendem a atrair investidores estrangeiros, ampliando a demanda por ações brasileiras.

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Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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