Economia

Crescimento da economia pode não resistir aos juros altos, alerta gestora de ex-BC

24 out 2023, 12:49 - atualizado em 24 out 2023, 12:50
Economia
“A desaceleração ainda não veio, mas a expectativa é de que o restante do ano seja marcado por um arrefecimento da atividade brasileira”, explica (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Apesar de ter surpreendido economistas, o Brasil pode ter uma desaceleração do seu crescimento econômico nos próximos meses, alerta a gestora Rio Bravo, do ex-BC Gustavo Franco, em relatório obtido com exclusividade pelo Money Times.

Segundo Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado, e Luca Mercadante, economista da gestora, o IBC-Br, indicador de atividade do Banco Central, apresentou alta de 0,42% no mês, o que indica força, mas dá pistas para uma desaceleração da economia, que é esperada por economistas desde o início do ano em virtude dos altos níveis de juros.

“Possivelmente por mudanças estruturais, peculiaridades da volta de um momento de pandemia ou aumento de estímulos fiscais, a desaceleração ainda não veio, mas a expectativa é de que o restante do ano seja marcado por um arrefecimento da atividade brasileira”, explica.

Outro desafio para economistas, segundo o documento, tem sido entender nosso mercado de trabalho, que segue aquecido.

“Assim como para a atividade, mesmo com um ano surpreendente, seguimos esperando uma desaceleração para os próximos meses. O mercado de crédito, por outro lado, desacelera, seguindo a dinâmica antevista pelo BC no início do ano”, coloca.

Eles lembram que, como no exterior, e mais especificamente nos EUA, a atividade e o mercado de trabalho fortes não impedem uma melhora na dinâmica de inflação, sobretudo nas medidas subjacentes.

“O IPCA nos últimos 12 meses agora começa a sentir os efeitos das desonerações do ano passado e acelera ligeiramente a 5,2%. Mesmo assim, as medidas mensais para o IPCA, bem como serviços subjacentes e núcleos, seguem desacelerando. As medidas subjacentes marcam 5,19% e 5,2%, respectivamente”, observam.

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Juros nos EUA e cenário fiscal

A gestora recorda que em outubro a escalada dos títulos públicos americanos foi a grande vilã. O juro de 10 anos subiu 58 bps ao longo do mês, atingindo o patamar de 4,96%, enquanto aquele referente a 30 anos abriu mais, quase 60bps (para 5,02%).

“No Brasil, o efeito de curto prazo foi uma abertura do juro local e queda dos preços de ativos de risco. Em um horizonte mais longo, um cenário externo mais difícil levanta dúvidas sobre ciclo de afrouxamento monetário conduzido pelo Banco Central (BC)”, aponta.

Em evento realizado na sede do Estadão, o presidente do Banco CentralRoberto Campos Neto, afirmou, que olha com atenção a inflação nos Estados Unidos e a disparada dos rendimentos do tesouro público.

De acordo com o presidente da autoridade, a inflação no país parece estrutural e a questão agora é saber quanto tempo a alta dos preços vai perdurar.

“Acho que temos várias explicações para os juros americanos. Temos China vendendo títulos, tem o cenário fiscal. A partir de 2010, a dívida americana só subiu”, discorre.

Sobre o cenário fiscal, a Rio Bravo avalia que as propostas fiscais, apresentadas em agosto e que agora tramitam no Congresso, continuam a gerar desconfiança para investidores, que não concordam com o governo sobre a capacidade arrecadatória dos projetos.

“Temas de mais longo prazo, como a reforma tributária, também tiveram poucos avanços ao longo do mês e devem voltar mais fortes para o debate público até o final do ano”, preveem.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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