Mercados

Crise dos bancos: Mercado pode já ter identificado o próximo dominó a cair

03 maio 2023, 15:05 - atualizado em 03 maio 2023, 17:43

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PacWest pode ser o próximo banco da fila. [Imagem: Divulgação]

O setor dos bancos regionais nos EUA passam por uma calmaria nesta quarta-feira (3), após diversos papéis acumularem perdas que ultrapassam 20% nos últimos dois dias. Desde março, os prejuízos são maiores que 60%.

PacWest Bancorp, Western Alliance Bank e o KeyCorp  — três dos bancos mais pressionados pelo status de ‘próximo da fila das falências’ — operam com ganhos de 6,95%, 3,75% e 1,65%, respectivamente.

Mas a leve recuperação dessa primeira metade do pregão pode não resistir à decisão do Federal Reserve. O Fed não mudou o curso da política monetária por causa da nova onda de aversão que atinge os bancos regionais.

Assim, o sinal ‘hawkish’ da autoridade monetária contra a inflação pode trazer um efeito negativo sobre a negociação já volátil dos papéis regionais.

A incerteza com o futuro dos bancos está gerando também outro tipo de corrida em Wall Street: a de compras shorteadas.

Desde que março deixou escancarada a porta da crise bancária, o mercado financeiro nos EUA viu aumentar o número de investidores apostando contra instituições financeiras consideradas vulneráveis. De acordo com dados da S3 Partners, empresa que gerencia dados financeiros, houve um aumento de US$ 440 milhões em apostas contra os bancos regionais.

Entre as instituições, o PacWest Corp é a que possui a pior percepção entre investidores, conforme indica o alto volume de compras à descoberto da ação. De sexta-feira para cá, o prêmio sobre a queda do credor aumentou 18%, tornando-o o segundo banco regional mais shorteado nos últimos 30 dias.

Bancos grandes também passam por problemas de solvência

Em meio ao ganho de fôlego da crise bancária na principal economia do mundo, um estudo produzido pela Universidade de Stanford demonstra que a situação dos bancos americanos pode ser ainda pior do que o imaginado anteriormente.

Se antes, think tanks renomados do mundo das finanças alertavam para 200 bancos em uma situação de vulnerabilidade, o levantamento do Instituto Hoover mostra que 2.315 instituições financeiras estão sentadas em ativos que valem menos do que seus passivos financeiros.

Esse é um reflexo da depreciação do balanço de ativos de longo prazo, como títulos hipotecários e soberanos (Treasuries) de 10, 20 e 30 anos, que perdeu o seu valor com o aumento de 5,0 pontos porcentuais dos juros americanos em um ano.

“O valor de mercado dos seus portfólios de empréstimo são US$ 2 trilhões abaixo do valor nominal desses ativos”, ressalta o documento.

Esses credores incluem verdadeiros tubarões do setor financeiro. Um dos dez bancos mais vulneráveis dos EUA é uma entidade de risco sistêmico cujos ativos superam US$ 1 trilhão. Há também três outros bancos com somas em ativos maiores do que US$ 250 bilhões.

Para evitar o mesmo destino dos bancos falidos, a tendência projetada por analistas é que mais e mais bancos comecem a diminuir suas carteiras de empréstimo, originando as circunstâncias para uma crise de crédito ampla nos próximos meses.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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