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CVC Brasil: o que esperar para 2020 de uma das piores ações em 2019

03 jan 2020, 9:03 - atualizado em 03 jan 2020, 9:03
CVC
Analistas da Capital Research destacam a posição de liderança da CVC no mercado brasileiro, bem como a sua grande rede de lojas físicas, que acabam se tornando diferenciais importantes (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

A CVC Brasil (CVCB3) apresentou uma das piores performances na B3 em 2019. Segundo a Capital Research, as ações da companhia caíram 27,7% no período, enquanto o Ibovespa valorizou 31,6%. Apesar disso, os analistas Felipe Silveira e Samuel Torres acreditam que o jogo pode virar para a empresa neste ano.

“A nossa visão mais otimista está muito ligada ao fato de os principais fatores negativos de 2019 serem pontuais e tenderem a se normalizar nos próximos trimestres, como os casos do óleo no Nordeste, da menor oferta de passagens com a quebra da Avianca Brasil e dos problemas com a Boeing”, avaliam Silveira e Torres.

Os analistas também destacam a posição de liderança da CVC no mercado brasileiro, bem como a sua grande rede de lojas físicas, que acabam se tornando diferenciais importantes.

Ano complicado

Os últimos resultados apresentados pela companhia revelam números pressionados, tendo sido impactados por três principais fatores: a suspensão do uso e o atraso da entrega das aeronaves 737 Max devido aos acidentes que ocorreram no fim de 2018 e no início de 2019; o crescimento das plataformas online; e a entrada da Avianca em recuperação judicial.

“Com a forte e abrupta queda na oferta de assentos, o preço das passagens disparou e a CVC teve que abrir mão de uma parte da sua margem para não ter o seu crescimento muito afetado”, explica a Capital. Estima-se que a companhia sofreu impacto de R$ 137 milhões nos primeiros nove meses do ano passado com reembolso, e mais R$ 30 milhões a R$ 40 milhões são esperados para os próximos trimestres.

O derramamento de óleo no litoral do Nordeste foi outro fator que pressionaram a operação, principalmente em razão da demanda por viagens para a região e do início de um movimento mais forte de desvalorização cambial.

“As reservas totais no Brasil durante o terceiro trimestre de 2019 cresceram 5,2% na comparação anual, enquanto a receita da CVC foi 3,6% menor do que no terceiro trimestre de 2018”, relembram os analistas. “Esse resultado ruim pressionou muito os papéis nos pregões após a divulgação”.

Bom potencial de valorização, mas risco igualmente relevante

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Silveira e Torres esperam mais um resultado bem pressionado no último trimestre de 2019, uma vez que a oferta de assentos não se normalizou (Imagem: Roberto Tamer)

A equipe de análise da Capital vê um bom potencial de valorização para as ações da CVC, embora com os mesmos patamares de risco.

Silveira e Torres esperam mais um resultado bem pressionado no último trimestre de 2019, uma vez que a oferta de assentos não se normalizou e houve uma forte desvalorização do real no meio de novembro, impactando nas reservas do mês.

Adicionalmente, o governo anunciou que trará uma série de medidas visando reduzir o preço das passagens aéreas no Brasil e aumentar a competitividade no setor, notícia considerada positiva para a empresa. O corte da alíquota sobre o preço do querosene de aviação deve reduziria o custo das companhias aéreas e incentivar a entrada de estrangeiros no mercado.

Aquisição da Almundo

Uma das grandes apostas da CVC é explorar o seu tamanho e multicanalidade utilizando a presença offline para impulsionar os negócios online.

A conclusão da compra da Almundo no quarto trimestre deve acelerar essa integração, de acordo com os analistas, uma vez que a empresa argentina irá ajudar no processo de digitalização da CVC.

“Enquanto a CVC é uma rede de agências de viagem com alguma presença online, a Almundo é uma plataforma online de viagens que também tem lojas”, ressaltam.

Essa ação decola?

Apesar de um ano desafiador, a companhia conseguiu se manter lucrativa, registrando resultado líquido positivo de R$ 152 milhões nos nove primeiros meses do ano passado. Paralelamente, houve redução da alavancagem, de 2,04 vezes nos últimos 12 meses para 1,88 vezes no fim do terceiro trimestre de 2019.

A Capital ainda ressalta que a companhia está sendo negociada a cerca de 23 vezes o seu lucro dos últimos 12 meses, múltiplo que deve cair bastante com a normalização dos fatores de pressão.

“Vemos o atual patamar de preço da CVC como uma oportunidade de compra, pensando no potencial de crescimento que o comércio online de pacotes representa para a empresa, enquanto seu negócio offline também deve performar bem, beneficiando-se da perspectiva de um crescimento mais consistente da economia brasileira”, concluíram Silveira e Torres.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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