CVM libera recompra de cotas por FIIs e fiagros; veja como isso impacta os cotistas

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu, em reunião realizada nesta semana, que os fundos de investimento imobiliário (FIIs) e os fundos das cadeias agroindustriais (Fiagros) poderão recomprar suas próprias cotas negociadas na Bolsa de Valores. A informação foi divulgada pelo Valor Econômico.
A prática já é comum entre as empresas com ações listadas na B3. Companhias abertas costumam recorrer à recompra quando consideram que seus papéis estão descontados, como forma de demonstrar confiança aos acionistas.
No caso dos FIIs e Fiagros, entretanto, ainda não há detalhes sobre as condições para a recompra. A íntegra da decisão será divulgada na ata da reunião, que deve ser publicada em até 30 dias.
Para a equipe de analistas do Safra, a medida é, em uma primeira leitura, positiva para a indústria como um todo, pois abre mais uma frente para os gestores conseguirem gerar retorno aos cotistas.
“Esperamos especialmente que os fundos imobiliários de papel (recebíveis) e os fundos de fundos (FOFs) sejam os mais beneficiados, pela maior facilidade em gerar caixa para realizar a recompra”, destaca o banco.
Já Leonardo Veríssimo, analista de fundos imobiliários da Eleven Financial, chama a atenção para a regulamentação que será definida pela CVM, bem como para as práticas que serão, de fato, adotadas pelos gestores.
“É fundamental que esse mecanismo não seja utilizado como um artifício para inflar artificialmente a cotação do fundo. A recompra deve servir como uma ferramenta de geração de valor aos cotistas, e não como instrumento de manipulação indireta de preço”, explica.
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Fundos imobiliários baratos
A discussão sobre a recompra de cotas ganhou força desde o fim do ano passado, após a queda expressiva nos preços das cotas dos FIIs e fiagros no mercado secundário.
Mesmo com a recuperação registrada nos últimos meses, os fundos imobiliários ainda são negociados, em sua maioria, com desconto em relação ao valor patrimonial, segundo Leonardo.
Segundo relatório do BTG Pactual, os fundos de lajes corporativas, por exemplo, apresentam um P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) médio de 0,66 — ou seja, são negociados com 34% de desconto.
Por sua vez, os fundos de shoppings operam com P/VP de 0,72 (deságio de 28%), enquanto os de galpões logísticos estão em torno de 0,76.
O analista da Eleven Financial ainda explica que, quanto maior esse desconto no mercado secundário, mais atrativa tende a ser a recompra de cotas pelo próprio fundo, uma vez que o gestor consegue adquirir os ativos por um valor inferior ao patrimonial, gerando um benefício potencial aos cotistas.