Da fome histórica à gigante do Nilo: como é a vida no país que ganhará um novo oceano

O sertão vai virar mar, mas não no Brasil — e sim na África.
Um estudo publicado na revista Nature Geoscience indica que um novo oceano está se formando na África, começando na Etiópia e, que ao longo de milhões de anos, poderá gerar uma imensa ilha que afetará territórios do Quênia, Tanzânia, Moçambique e África do Sul.
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Os cientistas identificaram ondas rítmicas sob a região de Afar, na Etiópia, que pulsam com frequência semelhante a batimentos cardíacos.
Esse fenômeno estaria associado à formação de uma fenda que avança lentamente pelo continente.
A área possui uma característica geológica rara: é o ponto de encontro de três placas tectônicas — da Etiópia, do Mar Vermelho e do Golfo de Áden.
Com o afastamento gradual das placas, a crosta terrestre se estica e se torna mais fina até se romper, criando uma estrutura conhecida como rifte.

“As faixas químicas indicam que o manto pulsa como um coração. Em regiões onde as placas se afastam mais rapidamente, como no Mar Vermelho, essas pulsações se propagam de forma mais eficiente, como sangue circulando por uma artéria estreita”, explica o professor Tom Gernon, coautor do estudo.
A vida na futura ‘Ilha Etiópia’
Com cerca de 128 milhões de habitantes, a Etiópia é o segundo país mais populoso da África.
Apesar do crescimento econômico recente — registrando 8% de PIB em 2023 e 2024 —, enfrenta desafios históricos, como desigualdade social e conflitos civis, sendo o mais recente encerrado em 2022.
Entre 1984 e 1985, o país viveu uma das maiores tragédias humanitárias do século XX: uma fome devastadora, agravada pela seca, pela guerra civil e pelas políticas agrícolas do regime marxista-leninista do Derg, liderado por Mengistu Haile Mariam.
Mesmo com esses desafios, a Etiópia é uma das sociedades mais antigas do mundo, com rica cultura e história. Diferentemente de seus vizinhos, nunca foi colonizada por potências europeias, embora tenha sido brevemente invadida pela Itália de Benito Mussolini durante a Segunda Guerra Mundial.
O país possui um calendário próprio, atualmente no ano de 2017 — sete anos atrás do gregoriano — e com 13 meses. Além disso, utiliza o alfabeto ge’ez.
Recentemente, voltou aos holofotes ao inaugurar a maior usina hidrelétrica da África, no Rio Nilo, projeto que causou tensão com Egito e Sudão.
Com capacidade de gerar 5.150 megawatts — para comparação, Itaipu produz 14.000 megawatts —, a obra custou US$ 4,8 bilhões (R$ 27,3 bilhões) e levou 14 anos para ser concluída.
Sem acesso ao mar por enquanto, a Etiópia ainda terá de esperar dezenas de milhões de anos para que a separação geológica se complete e o novo oceano apareça.
Veja vídeo abaixo: