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David Camacho: Fiagros Imobiliários e seu grande potencial de mercado

07 fev 2022, 14:36 - atualizado em 07 fev 2022, 17:18
Mercados alta
Quando analisamos a balança comercial, vemos os produtos do agronegócio com saldo positivo em R$ 87,8 bilhões em 2020 (Imagem: Unsplash/ Frank Busch)

Não foi à toa que a Rede Globo criou o slogan “Agro é tech, agro é pop, agro é tudo”. Afinal, o agronegócio no Brasil representou 26,6% do PIB brasileiro em 2020, segundo cálculos do Cepea e da CNA*. É, sem dúvida, o setor que mais cresce e que termina por carregar nas costas o piano de cauda da economia brasileira.

Em períodos de adversidade na economia ou de turbulência política, o nosso agronegócio vem se mostrando forte como um trator.  Para se ter uma ideia, enquanto as exportações brasileiras em caíram 6,9% em 2020 frente a 2019, o agronegócio cresceu 4,1%, ainda de acordo com a CNA. Quando analisamos a balança comercial, vemos os produtos do agronegócio com saldo positivo em R$ 87,8 bilhões em 2020, enquanto o saldo total ficou positivo em R$ 50,9 bilhões.

Mirando um período longo, de 10 anos, constatamos que o agrobusiness não só é resiliente em momentos de adversidade política/econômica, como demonstra força suficiente para manter a consistência e crescimento no longo prazo. No gráfico abaixo, podemos ver a sua potência durante o período de impeachment e da crise severa de 2015 e 2016, bem como durante eleições, pandemia e outros momentos conturbados.

Gráfico
(Imagem: CNA e IBGE)

Toda essa força não deriva de apenas um produto. O Brasil é importante produtor e exportador das principais commodities a nível global. Ficamos no lugar mais alto do pódio em produção de soja, açúcar e café, e somos o maior exportador mundial de soja, açúcar, café e aves, por exemplo.

Grafico
(Imagem: Organização mundial do comercio e Ministério da Indústria, Comercio Exterior e Serviços (http://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis)

Mas, mesmo sendo o Brasil o país do agronegócio, ainda há uma importante demanda de crédito reprimida no setor – e, portanto, um grande mercado a ser explorado. Conforme números da Embrapa, o agro brasileiro alimenta cerca de 212 milhões de pessoas no país e 560 milhões no exterior (algo em torno de 10% da população mundial).

Segundo dados extraídos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o faturamento bruto** do setor no país é superior a R$ 1 trilhão. Podemos supor que para alcançar 100% dessa produção seria necessária a obtenção de financiamento pelo produtor. Para demonstrar o potencial do crédito privado na indústria, o Plano Safra financiaria somente um quarto desse volume. Ainda supondo que o crédito não seja necessário em 100% dos casos, mas somente em 50%, a linha disponibilizada pelo governo federal financiaria somente 45% do volume total de recursos.

Gráfico
(Imagem: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

Até pouco tempo atrás, a legislação que regia os CRAs apresentava bastante fragilidade com relação às garantias das operações, o que limitava o desenvolvimento desse mercado e o interesse dos fundos de investimento nesse tipo de ativo.

A Lei nº 13.986, de 7 de abril de 2020 (Lei do Agro) trouxe, porém, mais segurança jurídica ao mercado de securitização, adicionando possibilidades de garantias fiduciárias, constituição de patrimônio de afetação (entre outros pontos que são considerados essenciais no processo de securitização), aumentando as possibilidades do produtor e ao mesmo tempo ampliando a segurança do investidor.

Não por acaso, depois dela e da Lei do Fiagro (nº 14.130 de 29/03/2021, que trouxe entre vários benefícios a isenção fiscal sobre os rendimentos), as emissões de CRAs dispararam no Brasil, conforme se constata no gráfico abaixo.

grafico
(Imagem: CVM – (*) Ofertas de FIAGRO encerradas, em andamento e sob análise da CVM. Dados de 2021 somente até outubro)

Tendo em vista os pontos expostos acima, vários gestores estão lançando produtos focados em CRAs. Apostamos na competitividade deste tipo de produto, mesmo dentro deste cenário de Selic próxima a 11% a.a. e inflação nos níveis atuais. A força do agro reforça nossa convicção. Afinal, como afirma o bordão, “agro é tech, agro é pop, agro é tudo”.

(*) Relatório Balança Comercial do Agronegócio Brasileiro 2020 produzido pela Confederação Nacional de Agricultura – CNA(**) VBP, indicador que mostra a evolução do desempenho das cadeias agropecuárias ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro dos estabelecimentos. O cálculo é baseado na produção das safras e pecuária, e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do País.

David Camacho é sócio-fundador e gestor na Devant Asset. No mercado financeiro há mais de dez anos, adquiriu experiência em funding estruturado e em emissões de produtos offshore (bonds, securitizações, empréstimos sindicalizados) na tesouraria do Santander. Em seguida, atuou nas áreas de operações, análise de investimentos, asset allocation e gestão de fundos exclusivos para clientes UHNW e Institucionais com cerca de R$ 9 bilhões na Vinci Partners. No Grupo RTSC, foi portfolio manager de crédito privado e renda fixa, sendo gestor dos fundos Devant desde o início, em 2016. Formado em administração de empresas pelo Insper, possui a certificação CGA.
David Camacho é sócio-fundador e gestor na Devant Asset. No mercado financeiro há mais de dez anos, adquiriu experiência em funding estruturado e em emissões de produtos offshore (bonds, securitizações, empréstimos sindicalizados) na tesouraria do Santander. Em seguida, atuou nas áreas de operações, análise de investimentos, asset allocation e gestão de fundos exclusivos para clientes UHNW e Institucionais com cerca de R$ 9 bilhões na Vinci Partners. No Grupo RTSC, foi portfolio manager de crédito privado e renda fixa, sendo gestor dos fundos Devant desde o início, em 2016. Formado em administração de empresas pelo Insper, possui a certificação CGA.
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