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De olho no boi: Arroba e varejo cedem, e Fávaro ‘flerta’ com o Japão; Brasil está comendo mais picanha com Lula?

14 jul 2023, 16:07 - atualizado em 14 jul 2023, 16:07
Projeto prevê pagamento do valor integral de animal doente abatido
Para analista da HN Agro, o brasileiro como um todo tem comido mais “carne de boi”, e elogia possível abertura de mercado para país asiático (Imagem: Unsplash/@dorukyemenic)

Como você viu no “De olho no boi” da semana passada, a arroba do animal perdeu força, com um avanço das vendas no atacado e com pressão dos frigoríficos.

Além disso, o ritmo das exportações do Brasil para a China retomou seu patamar de normalidade pouco mais de três meses após o fim do embargo para carne bovina brasileira, entre fevereiro e março.

Para entender o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Fernando Iglesias e Allan Maia, analistas na Safras & Mercado, Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes e Hyberville Neto, médico veterinário e diretor da HN Agro.

Queda nos preços do boi por China e impacto no varejo

De acordo com Cavalcante, a queda nos preços da carne bovina se acentuaram ao longo de 2023 devido ao bloqueio nas exportações da carne bovina com destino a China, devido ao caso atípico de “mal da vaca louca”.

“O embargo gerou uma sobreoferta de carne no mercado interno e consequentemente, uma queda nos preços. No entanto, o consumo da proteína vem diminuindo no varejo, já que o consumidor busca melhores preços, para comprar carne em maior volume”, explica.

O gestor comenta que quando o preço da carne bovina cai, os valores das demais proteínas também recuam, o que faz com que o consumo migre de forma natural.

“Essa semana, o mercado foi fraco de vendas, apesar do preço da arroba do boi ter aumentando nesse ultimo mês, com picos de baixa de R$ 236, a semana fecha na casa dos R$ 253 por arroba. Porém, com as vendas fracas no varejo, os frigoríficos estão com estoque, se tornando necessário segurar os repasses de preços, e acontece de aparecer algumas oportunidades hoje pontual para venda de promoção”, discorre.

O brasileiro está comendo mais picanha?

De acordo com Hyberville Neto, diretor da HN Agro, o Brasil tem comido mais carne bovina como um todo, muito em função da queda dos preços da proteína nos últimos 12 meses no varejo.

Variação das carnes no varejo – HN Agro (Variação em 12 meses) junho/2023
Picanha -4,9%
Costela -6,5%
Contrafilé -8,6%
Filé-Mignon -8,8%
Alcatra -9,1%

“Nós vimos um incremente no consumo, muito por conta desse cenário de oferta elevada no mercado interno e pelo embargo à China no primeiro semestre, que gera mais produção de carne e uma exportação que caiu mais de 5% no primeiro semestre. Os embarques apresentam bons números em termos de volume exportado, ainda que os preços não estejam tão bons, já que a China segue pagando menos”, explica Neto.

Arroba do boi e preços no atacado

Apesar de não estarmos com um cenário de oferta apertada, Hyberville ressalta que o Brasil está no período de entressafra.

Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) 13/jul. 06/jul. Variação (%)
SP – Aracatuba R$ 250,00 R$ 255,00 -1,96
SP – Bauru R$ 245,00 R$ 250,00 -2
SP – Santa Fé R$ 250,00 R$ 260,00 -3,85

“Nós vimos uma melhora de preços nas últimas semanas, o que fez com que os pecuarista entregasse mais o gado e resultasse em uma ‘andada’ na indústria, com o preço médio da arroba base SP melhorou em julho na comparação com junho.

No entanto, ressalta o especialista, esses ganhos foram devolvidos em função da pressão dos frigoríficos, que está com dificuldade em realizar compras, buscando preços menores.

“Agosto pode apresentar uma virada, uma alta nos preços da arroba”, comenta.

Além disso, houve uma queda nos preços da carne no atacado.

Cortes no atacado base SP – Safras 13/jul 06/jul Var. %
Dianteiro cas R$ 14,10 R$ 14,40 -2,08%
Traseiro cas R$ 18,30 R$ 18,60 -1,61%
Ponta Ag. R$ 14,15 R$ 14,25 -0,70%

Para Fernando Iglesias, os frigoríficos tem tentado diminuir os preços da arroba mesmo sem ter escala, por conta das vendas baixas no varejo e no atacado.

“Eu diria que a situação atual da avicultura tem uma influência enorme nos preços da carne bovina, porque temos uma oferta enorme de carne de frango no mercado interno, o que influencia as decisões do consumidor no varejo, já que a proteína do frango conta com preços mais competitivos”, diz.

Abertura de mercado para o Japão

E nesta sexta-feira (14), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro disse que há expectativa de uma abertura do mercado japonês para carne bovina e suína do Brasil “nos próximos meses”.

A declaração foi feita durante coletiva de imprensa a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“As expectativas são positivas, o Brasil cumpre todos os requisitos necessários para atender o Japão. Há construção
de um protocolo de exportação para o país”, disse Fávaro.

Dessa forma, na visão do diretor da HN Agro, essa abertura parece uma grande oportunidade para o setor de carne bovina do Brasil.

“A expectativa do USDA é de que o Japão importe 770 mil toneladas em 2023, o que corresponde a 7,5% das comprar globais, sendo isso mais do que 1/4 do que exportamos. Assim, o Brasil pode se beneficiar dos efeitos do El Niño no rebanho da Austrália e do ciclo negativo do gado nos Estados Unidos, dois países que respondem por cerca de 90% das compras pelo Japão”, finaliza.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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