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De olho no boi: China derruba carne em US$ 1.155 e pecuária ‘paga por pecados’ da avicultura

21 jul 2023, 16:09 - atualizado em 21 jul 2023, 16:09
Boi Carnes
Crise econômica no país asiático faz com que China compre carne bovina do Brasil por um preço menor, enquanto o brasileiro prefere comprar frango (Imagem: Divulgação)

Os preços da arroba já apontam para um movimento de queda nos valores, como você viu na semana passada no De olho no boi“.

O destaque da semana fica para a divulgação do balanço das exportações de carne bovina do Brasil para os seis primeiros meses de 2023.

Vale lembrar que as exportações do Brasil para a China retomaram seu patamar de normalidade há cerca de quatro meses após o fim do embargo para a proteína brasileira.

Sobre o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Fernando Iglesias, analista na Safras & Mercado, e Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes.

Arroba do boi

Segundo Cavalcante, uma forte mudança nos últimos dias fizeram com que os preços da arroba do boi recuassem na ponta.

Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) 21/jul. 13/jul. Variação (%)
São Paulo R$ 240,00 R$ 250,00 -4,00
SP – Aracatuba R$ 240,00 R$ 250,00 -4,00
Goias – Goiania R$ 225,00 R$ 235,00 -4,26
Bahia R$ 212,00 R$ 220,00 -3,64

“Os frigoríficos pressionam o mercado para que haja posicionamento. No entanto, a oferta está maior devido aos estoques elevados, com os pecuaristas em uma sensível cilada entre custo pecuário e venda a preço baixo, o que enfraquece os negócios”, explica.

Varejo

Para o gestor, o mercado interno tem dificuldades para realizar vendas, à medida que os preços de exportação ficam mais fracos.

“Em resumo, a indústria segura a compra e o varejo aperta a indústria para motivar o consumidor a comprar. Hoje vemos que o quilo do contrafilé estava sendo vendido por R$ 27, um recuo de 27% desde o começo do ano, quando os preços estavam em torno de R$ 37/kg”, comenta.

Atacado

No atacado, os preços da carne bovina também derreteram, sendo este um sintoma que as indústrias tem hoje de escoar os estoques da proteína que estão em níveis elevados.

Cortes no atacado Base SP – (Safras & Mercado) 21/jul. 13/jul. Variação
Traseiro casado R$ 17,50 R$ 18,60 -5,91
Dianteiro casado R$ 13,25 R$ 14,40 -7,99

Dessa forma, para Fernando Iglesias, analista da Safras, não é exagero dizer que a pecuária de corte esteja “pagando pelos pecados da avicultura”.

“Temos muita carne de frango disponível no mercado, e isso está afetando as decisões do consumidor brasileiro, porque, diferentemente do aconteceu com a bovinocultura, os preços do frango estão caindo também com força no varejo”, afirma.

Em Curitiba, o preço do quilo do peito de frango está sendo vendido por R$ 7, o que faz com que o consumidor escolha por essa proteína, com a carne bovina sendo preterida e elevando os estoques.

China em crise e queda no preço do boi

De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as exportações de carne bovina do Brasil tiveram receita de US$ 1,09 bilhão no primeiro semestre de 2023, queda de 21% nas receita.

Segundo a entidade, a queda teve forte influência dos preços médios, que tiveram uma redução de 20%, passando de US$ 5.740 por toneladas nos primeiros seis meses do ano passado para US$ 4.585 no primeiro semestre de 2023.

Dessa forma, a China soma 512,36 mil toneladas de carne bovina importadas do Brasil nos primeiros seis meses do ano, o que representa pouco mais de 50% de toda a quantidade exportada.

“As exportações foram impactas por conta do embargo, mas o destaque negativo fica por essa forte queda nos preços pago pela China, e isso acontece pelas dificuldades que o país asiático encontra em reaquecer a atividade econômica do país, com o yuan desvalorizado e o negociador chinês buscando renegociar contratos. A expectativa é de que o país siga pagando preços menores em 2023”, discorre.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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