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De olho no boi: Gado ‘seca’ e preços sobem, com virada para frigoríficos; China ainda tem desconto?

23 jun 2023, 17:38 - atualizado em 24 jun 2023, 3:17
Gado Boi
Segunda metade do mês de junho marca um momento de retomada nos preços do animal vivo no mercado brasileiro (Imagem: Arquivo/Agência Brasil/ASCOM ADEPARÁ)

Como você viu no “De olho no boi” da semana passada, os preços da arroba do boi gordo têm retomado bons índices a partir dessa segunda metade de junho, que marca o segundo semestre de 2023, após seis primeiros meses de muita pressão.

Além disso, o ritmo das exportações do Brasil para a China retomou seu patamar de normalidade três meses após o fim do embargo para carne bovina brasileira, entre fevereiro e março.

Para entender o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado e Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos.

Preços da arroba e carne no atacado

De acordo com Fernando Iglesias, analista da Safras, houve uma recuperação do preço, ainda que demorada, por conta da menor oferta.

“Os frigoríficos já não contam com posições confortáveis nas escalas, que estão mais apertadas, e, por conta disso, já aumenta a necessidade de compra”, explica.

Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) 23/jun. 16/jun. Variação (%)
SP – Barretos R$ 245,00 R$ 240,00 2,08
Bahia R$ 212,00 R$ 210,00 0,95
TO – Araguaina R$ 210,00 R$ 200,00 5

Para o início de julho, a tendência é de melhores preços para a arroba do boi. “Isso não significa que os preços devam subir no varejo, já que não houve quedas tão contundentes que justifique repasses da alta da arroba na carne”, diz.

No atacado, houve uma leve retomada dos preços, e a tendência é que os preços subam no começo de julho com a entrada dos salários na economia.

Cortes no atacado Base SP – (Safras & Mercado) 23/jun. 16/jun. Variação
Dianteiro casado R$ 13,60 R$ 13,3 2,26%
Traseiro casado R$ 18,30 R$ 18,15 0,83%

Frigoríficos e exportações

Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos, ressalta que o momento de oferta é muito favorável, em função do ciclo pecuário.

“O volume de oferta segue surpreendendo o mercado. Em 2022, os abates de fêmeas devem ficar em 7%. Para 2023, em torno de 5-7%, abrindo espaço para mais um aumento. Claro que isso depende da indústria, mas a disponibilidade de boi está alta”, comenta.

No entanto, ele destaca o que considera ser um possível momento de virada para o setor da proteína, com alta no preço do animal.

“Com o embargo para China entre fevereiro e março, isso acabou segurando ainda mais o animal no campo. O produtor que estava abatendo o boi-China não tinha mais a premiação, levando até a queda no preço do boi, dado que o país é o principal mercado do Brasil, o que acabou impactando as negociações”, comenta.

Segundo Alencar, o que mudou o cenário foi o maior número de abate da história para um mês de maio. “Assim, com a volta da China e o preço do boi mais baixo, a sensação é que as indústrias elevaram o número de abate. Com isso, acredito que sentimos em junho os efeitos disso, com escalas mais curtas e o preço do boi subindo em algumas regiões”, analisa.

Assim, apesar da retomada do volume de exportações para China, a grande variável para os embarques neste ano ficam para os preços, com a China comprando com “desconto” na comparação com o ano passado.

“As receitas estão menores em função da queda da carne bovina no mercado internacional. Há um ano, a tonelada de carne bovina era negociada em torno de US$ 7.100, e agora está entre US$ 5.000-5.100 por tonelada para China”, comenta Fernando Iglesias.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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