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De olho no boi: Produtores ‘batem asas’ e ‘escondem’ gado; retomada para preços e China?

15 set 2023, 17:26 - atualizado em 15 set 2023, 17:26
boi gordo china
Analista prega cautela aos pecuaristas que seguram animais no confinamento em busca de melhores preços; o que esperar para o boi gordo? (Foto: FreePik)

As cotações da arroba do boi gordo acumulam queda ao longo de 2023, com recuo em torno de 30% no ano.

Vale lembrar que 2023 está marcado como um período de ciclo positivo do gado no Brasil, com maior oferta de animais no mercado interno, fator que pressiona os preços no mercado interno.

Apesar disso, o destaque da semana fica por conta de um movimento de retomada nos preços da arroba e da carne bovina no atacado.

Além disso, a China retomou bons volumes de compras, ainda que os preços estejam aquém do esperado pelo mercado.

Preços do boi gordo e carne no atacado

De acordo com Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado, os preços da arroba do boi gordo apresentaram um movimento de recuperação.

Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) 15/set. 06/set. Variação (%)
SP – Barretos R$ 210,00 R$ 190,00 10,53
Parana – Norte R$ 205,00 R$ 195,00 5,13
MS – Dourados R$ 225,00 R$ 200,00 12,5
TO – Araguaina R$ 195,00 R$ 185,00 5,41
RO – Vilhena R$ 190,00 R$ 180,00 5,56

“Vimos também um movimento de recuperação nos preços do atacado para carne bovina. Nesse momento, percebemos os pecuaristas tirando o pé das negociações, entendendo que há espaço para maiores altas”, diz.

Preços da carne bovina no atacado – Safras & Mercado 15/09/2023 06/09/2023 Variação (%)
Traseiro R$ 16,10 R$ 15,50 3,87
Dianteiro R$ 12,35 R$ 12,20 1,23

Para Iglesias, existem alguns fatores de atenção para os pecuaristas no curto prazo.

“Os produtores precisam monitorar as escalas de abate, para entender a programação das indústrias e as necessidades de compra desses frigoríficos. Há um entendimento que existe espaço para maiores altas nos preços caso as escalas sigam encurtas, se isso não acontecer, não devemos ter grandes mudanças”, discorre.

Varejo

Segundo Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes, os produtores tem segurado as vendas, em busca de melhores preços.

“Quem tem produto de qualidade disponível, não quer vender nas condições de preço atual da arroba, e os pecuaristas mais experientes dominam esse fluxo. Com isso, os frigoríficos mandam para o mercado um produto com qualidade inferior e seguram o gado com boa terminação para venda a preços maiores”, comenta.

Dessa maneira, Iglesias ressalta que esse cenário exige cautela por parte dos produtores, já que alguns mercados como a China pedem animais com até 30 dias de idade.

Assim, nos próximos dias, a expectativa é de produtos com baixa qualidade nas gôndolas do varejo.

“A melhor oferta de animais deve ficar para um segundo momento, quando os preços estiverem maiores”, avalia.

Exportações para China

De acordo com Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, o volume de compras pela China se recuperou nos últimos 2 meses (julho e agosto) e há expectativa para retomada ainda mais forte das compras em setembro.

“Apesar da melhor nos comparativos mês a mês, há piora na comparação anual para seus pares em 2022. Lembrando que agosto de 2022 foi o melhor mês em nossa história para os embarques. Por outro lado, já era esperada uma desaceleração dos chineses em termos de preços e volume, muito em função da desvalorização do Yuan, que caiu cerca de 15% frente ao real desde janeiro “, explica.

Dessa forma, mesmo com o quadro atual, Fabbri enxerga uma maior pressão nos preços do boi gordo vindo do mercado interno.

“Quando nós analisamos o cenário externo, o preço do boi a R$ 200,00 por arroba garante uma margem interessante para indústria. Um fato que colabora com isso é que a margem da indústria, só com a venda da carne com osso no mercado interno, esteve em um dos melhores patamares da nossa história”, explica.

Para ele, se levarmos em conta um contexto de exportação, a tendência é que ela seja melhor, mesmo com um preço mais baixo sendo pago pelos compradores, pois o custo de aquisição da matéria-prima caiu.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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