Economia

De Selic a Fed: Como o aumento de taxa de juros nos EUA pode afetar o Brasil

16 mar 2022, 16:24 - atualizado em 16 mar 2022, 16:24
Dólar, real
(Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

O Federal Reserve (Fed) elevou as taxas de juros dos Estados Unidos em 0,25%, maior aumento desde 2018.

A alta no juros, segundo Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP Investimentos e atual consultora da Gibraltar, se dá por uma série de motivos. Um dos principais é o controle da inflação pela demanda e o aquecimento econômico.

“Não é tudo sobre a covid-19: é demanda. Ainda mais nos Estados Unidos. A alta de juros no Fed é essencial porque a economia não precisa mais desse estímulo”, explica.

Na opinião da economista, “houve um erro de diagnóstico na demora para o aumento do juros”.

Pouco tempo depois do anúncio do Fed, o Ibovespa reduziu sua alta, operando a 109.271 pontos, em alta de 0,29% às 15h36 desta quarta-feira (16). Mais cedo, Às 11h55, o Ibovespa disparava quase 2%, a 111.101,14 pontos.

As decisões da economia da potência mundial podem trazer complicações para o Brasil.

Entre elas está o fato de que, quando o juros dos EUA aumentam, é provável que investidores estrangeiros passem a olhar para os títulos ligados ao governo como uma forma mais segura de investimento do que se envolver com o mercado acionário brasileiro, o que pode reduzir a circulação do dólar no país, segundo economistas ouvidos pelo Money Times.

E tudo pode acontecer como em um efeito cascata.

“Quando aumentam a taxa de juros, fica mais atrativo ainda. Então os investimentos vão para lá. Isso é ruim para o Brasil porque, muita gente que está aplicando aqui, vai tirar daqui, e mandar para lá. Isso poderá ser um problema sério para nós porque vai faltar dólar no Brasil se isso acontecer e, faltando dólar aqui, veremos ele ficando mais caro”, diz Paulo Feldmann, da FEA/USP.

Em comunicado divulgado, o Fed destacou que os indicadores de atividade econômica e emprego no país continuaram a se fortalecer. Além disso, a inflação permanece elevada, refletindo o “desequilíbrio entre oferta e demanda” relacionado à pandemia, com maiores pressões nos preços.

O fator guerra

O Fed também lembrou que a guerra na Ucrânia traz complicações econômicas e humanitárias “tremendas”.

“As implicações para a economia dos Estados Unidos estão altamente incertas, mas, no curto prazo, a invasão e os eventos relacionados provavelmente criarão uma pressão adicional na inflação e pesarão sobre a atividade econômica”, afirmou o banco central.

Por isso que, para Latif, o “efeito [do aumento da taxa de juros dos EUA] não será neutro na economia brasileira” e que, apesar do Fed, o conflito entre Ucrânia e Rússia podem acabar fazendo os investidores olharem para o Brasil.

“O que vai acontecer no Brasil, e já vem acontecendo nos últimos dias, são os impactos da guerra, que gerararam uma certa ‘melhora’ na visão dos investidores para países que não estão envolvidos nela — como o Brasil, que é um país mais previsível”, diz.

Nesse rastro, Feldmann afirma que, em 2021, aconteceu um fenômeno de baixa nos preços das ações, “o que faz com que o investidor olhe para as empresas brasileiras como uma boa opção par aseus portfólios”.

“Para quem investe em bolsa, as ações das empresas brasileiras estão em um momento interessante, e esse movimento atrai investidores. E por isso tivemos uma valorização do real em janeiro — porque estava entrando muito dólar no país. E depois veio a guerra da Ucrânia, o que desacelerou a entrada do dólar, o real voltou a se desvalorizar um pouco”, diz Feldmann.

A verdade é que nada está escrito na pedra.

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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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