Renda Fixa

Debêntures, CRIs e CRAs: Como foi o ano dos papéis de dívida privada após a ameaça de tributação

09 dez 2025, 7:00 - atualizado em 05 dez 2025, 16:29
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Crédito privado em 2025: debêntures, CRIs e CRAs enfrentam turbulência tributária, registram recordes de emissão e ganham destaque para 2026 (Imagem: Canva / Montagem: Giovanna Figueredo)

O ano de 2025 foi marcado por incertezas para investidores de títulos de renda fixa de crédito privado, como debêntures incentivadas, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).

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A razão: a tentativa do governo federal de alterar a tributação desses papéis, até então isentos das alíquotas de Imposto de Renda (IR), numa ação para aumentar a arrecadação.

Em junho, a Medida Provisória (MP) nº 1.303/2025 propunha taxar esses instrumentos em 5% a partir de 1º de janeiro de 2026.

CRIs e CRAs, vale lembrar, permitem financiar projetos nos setores imobiliário e do agronegócio, respectivamente, recebendo retorno futuro sobre o capital investido.

Debêntures, por sua vez, são títulos emitidos por empresas e funcionam de forma semelhante ao Tesouro Direto, só que, em vez de financiar o governo, o investidor empresta dinheiro a uma companhia em troca de juros.

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E justamente devido à forte influência da bancada do agro no Congresso Nacional, a potencial taxação enfrentou resistência entre parlamentares e não foi apreciada dentro do prazo de 120 dias — encerrado em outubro.

Como resultado, a MP acabou sendo retirada de pauta e, na prática, CRIs, CRAs e debêntures continuam com os benefícios tributários – pelo menos por ora.

Corrida pelos isentos e volume recorde 

Durante esses quatro meses, enquanto lobistas atuavam em Brasília para barrar a tributação, na Faria Lima as captações dispararam.

Com medo da taxação a partir do ano que vem, investidores migraram para os papéis ainda isentos, acelerando emissões, enquanto gestores abriram fundos fechados para captar recursos, impulsionando liquidez e preços de mercado.

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“O efeito líquido foi positivo: o mercado se adaptou rapidamente e aproveitou a janela regulatória-fiscal, mantendo o apetite por crédito privado”, avaliou Viviane Las Casas, chefe de renda fixa da Valor Investimentos.

Para se ter uma ideia, segundo dados da Anbima, ofertas de debêntures incentivadas somaram R$ 133,3 bilhões de janeiro até outubro, um crescimento de 19,2% ante o mesmo período de 2024.

Os principais setores financiados foram energia elétrica (33,8%) e transporte/logística (32,6%), seguidos por saneamento (8,8%) e telecomunicação/tecnologia (5,3%).

Entre os Certificados de Recebíveis do Agronegócio, o montante emitido neste ano totaliza R$ 29,3 bilhões, alta de 3% frente aos R$ 28,5 bilhões captados nos nove primeiros meses do ano passado, enquanto nos CRIs o saldo é de R$ 34,5 bilhões.

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Deterioração de crédito

O problema é que, em meio à intensa procura, nem tudo foi positivo. Segundo Bruna Pacheco, especialista em investimentos e sócia da GT Capital, 2025 também registrou diversos casos de inadimplência e eventos de crédito.

“O ano teve um número relevante de defaults, incluindo reestruturações, atrasos e estresse concentrado em setores como logística, varejo e partes do agro”, lembrou.

“Isso reduziu a confiança, ampliou spreads e elevou a exigência de diligência. Em 2025, o crédito privado só foi positivo para carteiras extremamente seletivas, focadas em emissores de alta qualidade e estruturas bem amarradas”, continuou.

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Retornos e spreads

Além da inadimplência, de acordo com Viviane Las Casas, a corrida pelos isentos também reduziu o prêmio de risco, materializando o conhecido efeito de oferta e demanda.

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“Com muitos investidores disputando uma oferta limitada de papéis isentos, os spreads de crédito caíram significativamente. Em alguns casos, debêntures, CRIs e CRAs foram lançados com taxas tão comprimidas que mal remuneravam o risco adicional.”

Perspectivas para o ano que vem

Para 2026, as especialistas procuradas pelo Money Times esperam retornos mais atrativos, emissores mais disciplinados e estruturas mais robustas.

“2025 foi um ano difícil, marcado por perdas, ruídos regulatórios e revisão de risco. Por outro lado, criou condições para um 2026 mais promissor, com prêmios mais alinhados, emissões criteriosas e oportunidades claras para quem buscar qualidade e disciplina na seleção”, afirmou Pacheco.

“A tendência é que o investidor individual mantenha forte apetite por debêntures, CRIs e CRAs em 2026, embora de forma mais criteriosa. Com juros básicos em queda, esses produtos continuam oferecendo isenção de IR e rendimentos superiores à renda fixa tradicional tributada”, completou Las Casas. 

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Jornalista formado e com MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos. Passou pelas redações da TV Band, UOL, Suno Notícias e Agência Mural, e foi líder de conteúdo no 'Economista Sincero'. Hoje, atua como repórter no Money Times.
Jornalista formado e com MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos. Passou pelas redações da TV Band, UOL, Suno Notícias e Agência Mural, e foi líder de conteúdo no 'Economista Sincero'. Hoje, atua como repórter no Money Times.

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