Decisão de juros do Fed tem maior número de dissidências entre diretores desde 1993

A decisão do Federal Reserve de manter a taxa de juros estável após o final de uma reunião de dois dias nesta quarta-feira (30) teve o maior número de votos contrários de diretores do banco central dos Estados Unidos em pouco mais de três décadas.
O diretor Christopher Waller e a vice-chair de supervisão do Fed, Michelle Bowman, votaram contra a decisão de manter inalterada a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, preferindo reduzi-la em 0,25 ponto percentual.
Essa foi a primeira vez que dois membros da diretoria do Fed, sediada em Washington, discordaram formalmente de uma decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto desde dezembro de 1993, de acordo com dados do Fed de St. Louis.
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Qualquer nível de oposição formal por parte dos diretores é relativamente raro, e a maioria dos votos dissidentes resulta de discordâncias mantidas pelos presidentes dos bancos regionais do Fed.
A última vez que um diretor discordou foi na reunião de setembro do ano passado, quando Bowman queria um corte na taxa menor do que o preferido por seus pares. A última vez que dois presidentes regionais do Fed votaram contra o consenso foi em outubro de 2019.
Em termos gerais, votos dissidentes no Comitê são incomuns. Até esta quarta-feira, nenhuma reunião do Fed neste ano tinha gerado oposição formal, com apenas duas dissidências ocorrendo em 2024 e nenhuma em 2023.
As mais recentes dissidências não foram uma surpresa, já que tanto Waller quanto Bowman haviam sinalizado antes da reunião sua abertura para reduzir os juros.
Em um discurso em 17 de julho, Waller justificou seu desejo de reduzir os custos dos empréstimos de curto prazo ao dizer que “a economia ainda está crescendo, mas seu ritmo tem diminuído significativamente e os riscos para o mandato de emprego aumentaram”.
Bowman, em comentários de 23 de junho, afastou as preocupações de que as tarifas do presidente Donald Trump aumentarão a inflação e disse que, desde que as pressões inflacionárias permanecessem contidas, ela acreditava que “é hora de considerar” a redução dos juros na reunião de julho.
Trump tem criticado o chair do Fed, Jerome Powell, por não ter atendido às exigências da Casa Branca de que os juros fossem reduzidos imediatamente. Tanto Waller quanto Bowman foram nomeados para a diretoria do Fed pelo atual presidente.
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Em contraste com Waller e Bowman, a maioria das autoridades tem adotado uma abordagem de “esperar para ver” em relação às perspectivas econômicas e de política monetária.
Embora as pressões inflacionárias tenham diminuído, muitas autoridades estão preocupadas com o fato de as tarifas de Trump aumentarem as pressões dos preços ao longo do tempo, o que é um argumento contra o afrouxamento da política monetária.