Internacional

Déficit orçamentário dos EUA cai no ano fiscal de 2025 com alta de tarifas e cortes em educação

17 out 2025, 6:02 - atualizado em 17 out 2025, 5:38
pib eua
(Imagem: sasirin pamai's Images)

O déficit orçamentário dos Estados Unidos caiu US$ 41 bilhões, para US$ 1,775 trilhão no ano fiscal de 2025, impulsionado por um aumento da receita com as tarifas do presidente Donald Trump e cortes nos gastos com educação, que ajudaram a compensar os maiores desembolsos com programas de saúde, aposentadoria e juros da dívida, informou o Departamento do Tesouro nesta quinta-feira (16).

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Os resultados para o ano encerrado em 30 de setembro, que inclui quase nove meses do segundo mandato de Trump na Casa Branca, comparam-se a um déficit de US$ 1,817 trilhão no exercício fiscal de 2024. Foi a primeira queda anual no déficit desde 2022, quando o fim dos programas de auxílio à Covid reduziu os gastos.

A redução no déficit foi favorecida por um recorde de US$ 195 bilhões em receitas líquidas de tarifas alfandegárias no ano fiscal, um aumento de US$ 118 bilhões em relação ao ano anterior, com a entrada em vigor de novas tarifas impostas por Trump.

As receitas alfandegárias em setembro atingiram um novo recorde de US$ 29,7 bilhões, embora o ritmo de crescimento tenha desacelerado em relação a agosto (US$ 29,5 bilhões). Em comparação, setembro de 2024 teve US$ 7,3 bilhões em receitas alfandegárias.

No entanto, essa nova e poderosa fonte de receita foi parcialmente compensada por uma redução de US$ 79 bilhões na arrecadação bruta de impostos corporativos, que caiu para US$ 486 bilhões em 2025. Cerca de US$ 45 bilhões dessa redução ocorreram em setembro, refletindo a implementação retroativa de deduções para investimentos em equipamentos e P&D, conforme a lei de gastos e cortes de impostos aprovada pelo Congresso republicano em julho.

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As receitas totais no ano fiscal de 2025 foram recordes de US$ 5,235 trilhões, um aumento de US$ 317 bilhões (ou 6%) em relação a 2024, impulsionado principalmente por aumentos nos impostos individuais retidos na fonte e não retidos.

Os gastos totais também bateram recorde: US$ 7,01 trilhões, um aumento de US$ 275 bilhões (ou 4%) em relação ao ano anterior.

Um funcionário do Tesouro disse que o departamento calculou uma estimativa de relação déficit/PIB de 5,9% para o exercício de 2025, comparada a 6,3% em 2024. O funcionário se recusou a informar qual estimativa de PIB foi usada. Os dados do PIB do terceiro trimestre, que encerrariam o ano fiscal de 2025, foram atrasados devido à paralisação parcial do governo dos EUA.

O Secretário do Tesouro Scott Bessent afirmou na quarta-feira que quer reduzir essa relação para a faixa de 3%, aumentando o crescimento econômico e conduzindo cortes ou contenção de gastos.

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No entanto, analistas orçamentários afirmaram que os dados divulgados nesta quinta-feira mostram pouco progresso nesse objetivo.

“A maioria das mudanças de política fiscal simplesmente substitui fontes de receita e gasto, sem realmente reduzir o déficit,” disse Kent Smetters, diretor do Penn Wharton Budget Model, da Universidade da Pensilvânia. “Ou seja, ainda estamos num caminho profundamente insustentável”.

Tesouro registra superávit em setembro

No último mês do ano fiscal de 2025, setembro, o Tesouro informou um superávit recorde de US$ 198 bilhões, um aumento de US$ 118 bilhões (ou 147%) em relação ao mesmo mês do ano anterior. Setembro costuma apresentar superávit devido aos prazos trimestrais de declaração de impostos de empresas e indivíduos.

As receitas em setembro aumentaram US$ 17 bilhões (3%), chegando a US$ 544 bilhões, enquanto os gastos caíram US$ 101 bilhões (23%), para US$ 346 bilhões.

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O superávit mensal foi impulsionado por um corte de US$ 131 bilhões no orçamento do Departamento de Educação, conforme exigido pela recente lei de gastos e impostos. Em setembro, os gastos do setor de educação foram US$ 123 bilhões menores que em setembro de 2024.

No acumulado do ano fiscal de 2025, o Departamento de Educação sofreu o maior corte, com gastos reduzidos em US$ 233 bilhões (ou 87%) em relação ao ano anterior, totalizando apenas US$ 35 bilhões.

Esses cortes e o aumento nas receitas alfandegárias mascararam aumentos contínuos nos gastos com programas obrigatórios, como a Seguridade Social (aposentadoria), os programas de saúde Medicare e Medicaid, e os juros da dívida federal.

Os gastos com juros atingiram um recorde de US$ 1,216 trilhão, um aumento de US$ 83 bilhões (ou 7%) em relação a 2024, tornando-se o segundo maior item de despesa, atrás apenas da Seguridade Social, cujos gastos foram de US$ 1,647 trilhão, um aumento de US$ 127 bilhões (ou 8%).

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“Há boas notícias no fato de que as tarifas estão gerando mais receita, mas todas as principais categorias de gastos aumentaram, com destaque para os gastos obrigatórios e juros. Os fundamentos continuam profundamente preocupantes,” disse Maya MacGuineas, presidente do Comitê por um Orçamento Federal Responsável.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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