Meio Ambiente

Derretimento do gelo na Groenlândia pode estar sendo subestimado

15 abr 2020, 16:23 - atualizado em 15 abr 2020, 16:23
Cerca de 50 bilhões a menos de toneladas de neve caíram sobre a camada de gelo do que a média do ano passado (Imagem: Unsplash/@jeremybishop)

Céu limpo e mais luz solar sobre a Groenlândia no verão passado resultaram na maior redução de massa da camada de gelo já registrada, segundo nova pesquisa.

O fenômeno esteve associado a um sistema de alta pressão excepcional que impedia a formação de nuvens, segundo estudo coordenado por Marco Tedesco, do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Universidade Columbia.

Isso sugere que modelos climáticos que não incorporam dados atmosféricos podem estar subestimando o derretimento futuro pela metade, disse Tedesco em comentários que acompanham a pesquisa.

“Essas condições atmosféricas se tornaram cada vez mais frequentes nas últimas décadas”, disse. “É muito provável que simulações de impactos futuros subestimem a perda de massa devido à mudança climática.”

Cientistas monitoram de perto o equilíbrio de massa da superfície da camada de gelo da Groenlândia, ou seja, quanta massa é perdida devido ao derretimento em comparação com o quanto é adicionado devido às nevascas e outras acumulações. Mas, quando não há nuvens, não há neve.

Como resultado, cerca de 50 bilhões a menos de toneladas de neve caíram sobre a camada de gelo do que a média do ano passado. Sem a nova camada de neve, o gelo absorveu mais calor, derretendo para 320 bilhões de toneladas abaixo da massa média entre 1981 a 2010, a maior redução desde que os dados começaram a ser coletados em 1948.

A recuperação foi de apenas 50 bilhões de toneladas, cerca de 13% do aumento médio entre 1981 e 2010.

Um aumento tão pequeno não é uma boa notícia, disse o coautor do estudo, Xavier Fettweis, da Universidade de Lieja, em comentários no estudo. Isso se deve em parte porque as perdas de massa da superfície não são a única maneira de as geleiras encolherem.

Fissuras também se formam no gelo, fazendo com que grandes blocos se desprendam no oceano. Sob condições estáveis, os ganhos no equilíbrio de massa da superfície seriam altos o suficiente para compensar o gelo perdido quando os icebergs se rompem, mas não nas condições atuais.

No geral, a camada de gelo da Groenlândia perdeu cerca de 600 bilhões de toneladas em 2019, representando um aumento do nível do mar de cerca de 1,5 milímetro.

“O equilíbrio de massa na Groenlândia é como uma conta bancária”, disse Tedesco. “Em alguns períodos, você gasta mais e, em outros, ganha mais. Se você gasta muito, o saldo fica negativo. Foi o que aconteceu com a Groenlândia.”

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