Raízen (RAIZ4) tem alta de 25%, enquanto Azzas 2154 (AZZA3) recua quase 12%; veja os destaques do Ibovespa na semana

O Ibovespa (IBOV) interrompeu a sequência de ganhos na semana com o aumento da aversão a risco com o cenário fiscal dos Estados Unidos e mudanças na tributação de operações financeiras no Brasil.
O principal índice da bolsa brasileira acumulou queda de 0,98% nos últimos cinco pregões e encerrou a sessão da sexta-feira (23) no nível dos 137 mil pontos, após uma semana de recordes. Na última terça-feira (20), o Ibovespa alcançou os 140 mil pontos pela primeira vez na história.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a R$ 5,64 e recuou 0,44% ante o real na semana.
No cenário doméstico, fiscal voltou ao centro das atenções. Na última quarta-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma medida provisória (MP) sobre o setor elétrico que institui a chamada “justiça tarifária”, ampliando a gratuidade da conta de luz para milhões de famílias. A medida faz parte do pacote de anúncio do governo para tentar melhorar a popularidade de Lula, de olho nas eleições presidenciais de 2026.
Mas o humor do mercado ‘azedou’ após o Ministério da Fazenda confirmar o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para crédito de empresas, previdência privada (VGBL, mais especificamente) e câmbio no noite da última quinta-feira (22). A mudança ofuscou o corte de R$ 31, 3 bilhões em gastos púbicos no Orçamento de 2025, anunciado no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias.
Entre os dados, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ficou acima do esperado. A prévia do Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,8% em março, após uma alta de 0,5% em fevereiro, e acumula avanço de 4,2% em 12 meses.
No exterior, o cenário fiscal dos Estados Unidos injetou cautela nos mercados globais. O rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s na sexta-feira passada (16), acionou um alerta sobre a trajetória do endividamento norte-americano.
Durante a semana, a Câmara dos Representantes aprovou o projeto de lei que projeto de lei que prevê corte de impostos e aumento de gastos em algumas áreas consideradas estratégicas pelo governo. A proposta acrescentará cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões do governo federal na próxima década, de acordo com o independente Escritório de Orçamento do Congresso.
A matéria segue agora para apreciação do Senado norte-americano e a expectativa é de que a votação aconteça até junho.
Os investidores também reagiram a novas ameaças tarifárias do presidente Donald Trump na sexta-feira (23). O chefe da Casa Branca anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre a importações dos produtos da União Europeia no país, que deve entrar em vigor em 1º de junho.
Trump também disse que Apple (AAPL) terá que pagar uma taxa de 25% para importar os produtos nos Estados Unidos, caso não forem fabricados no país.
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Sobe e desce do Ibovespa
A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por Raízen (RAIZ4), a joint venture de energia renovável entre a Cosan (CSAN3) e a Shell.
Os papéis subiram com a expectativa de desalavancagem da companhia com a venda de ativos. Na última quarta-feira (21), os investidores reagiram ao acordo de venda de projetos de geração de usinas de geração solar para o Pátria Investimentos.
Segundo informações do Estadão, a companhia também avalia a venda de ativos para a Argentina, que já contam com interessados — Trafigura (multinacional de commodities com sede em Cingapura e unidade em Montevidéu) e a Glencore (anglo-suíça que atua em mineração e commodities). As negociações estão sendo conduzidas pelo BTG Pactual.
As ações da JBS (JBSS3) acumularam alta de mais de 7% na semana com a aprovação da dupla listagem da companhia pelos acionistas, em assembleia geral extraordinária. A expectativa é de que os papéis comecem a ser negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) em 12 de junho.
Confira a seguir as maiores altas do Ibovespa entre 19 a 23 de maio:
CÓDIGO | NOME | VARIAÇÃO SEMANAL |
RAIZ4 | Raízen ON | 25,15% |
JBSS3 | JBS ON | 7,30% |
CSAN3 | Cosan ON | 5,94% |
BRKM5 | Braskem PN | 5,02% |
RDOR3 | Rede D’Or ON | 3,65% |
SMTO3 | São Martinho | 3,10% |
BRFS3 | BRF ON | 3,08% |
VIVA3 | Vivara ON | 2,88% |
TOTS3 | Totvs ON | 2,21% |
ENGI11 | Energisa units | 2,20% |
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Já a ponta negativa foi liderada por Azzas 2154 (AZZA3), com o avanço dos juros futuros na esteira da escalada dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasurys, de olho na trajetória da dívida pública norte-americana.
Em linhas gerais, as ações cíclicas são pressionadas pelo avanço dos juros, já que o desempenho das companhias estão diretamente relacionados à atividade econômica. Em cenários de juros mais elevados, o nível de consumo diminui — impactando negativamente os setores de varejo e construção, principalmente.
Em destaque, Cogna (COGN3) acumulou baixa de quase 8%, pressionada pelo novo marco regulatório para os cursos de ensino superior, divulgado na segunda-feira (19) pelo Ministério da Educação (MEC), com novas regras para as modalidades presencial, semipresencial (hibrido) e a distância (EAD).
Agora, os cursos de direito, medicina, odontologia, enfermagem e psicologia só poderão ser ofertados exclusivamente na modalidade presencial. Outros cursos da área de saúde e licenciatura também não poderão ser ofertados a distância, mas as instituições educacionais poderão adotar o formato semipresencial.
Na avaliação do JP Morgan, as novas medidas vieram mais restritivas do que o esperado. Já o BTG Pactual avalia que o impacto das novas regras deve ser negativa para as empresas do setor, principalmente para as companhias com alta exposição ao EAD — ou seja, para 67% dos players do setor.
Veja as maiores quedas do Ibovespa na semana:
CÓDIGO | NOME | VARIAÇÃO SEMANAL |
AZZA3 | Azzas 2154 S.A. | -11,85% |
MRVE3 | MRV ON | -9,46% |
VAMO3 | Vamos ON | -9,25% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | -7,98% |
COGN3 | Cogna ON | -7,94% |
PCAR3 | GPA ON | -7,21% |
AZUL4 | Azul PN | -6,31% |
BRAV3 | Brava Energia ON | -5,11% |
BRAP4 | Bradespar PN | -5,07% |
CYRE3 | Cyrela ON | -4,88% |