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Deutsche Bank afirma que criptoativos podem substituir dinheiro em espécie até 2030

17 dez 2019, 10:36 - atualizado em 08 jun 2020, 16:06
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Um novo relatório do maior credor da Alemanha, Deutsche Bank, sugere que as moedas digitais alimentadas por blockchain poderiam substituir pagamentos em dinheiro na próxima década. O relatório afirma que moedas fiduciárias como conhecemos talvez possa dar espaço para novas alternativas (Imagem: Unsplash/@photoholgic)

No relatório intitulado “Imagine 2030: a década adiante”, a equipe de pesquisadores liderada por Jim Reid, diretor global e estrategista do Deutsche Bank, fez várias previsões sobre como o mundo vai parecer daqui a uma década.

O relatório de 80 páginas cobre assuntos como a mudança nos padrões de consumo da China, o surgimento dos drones, a política climática e a supremacia quântica.

No entanto, para os detentores de criptoativos, os capítulos mais interessantes do relatório são “O fim das fiduciárias?” e “Criptomoedas: o dinheiro do século XVI”.

Os pesquisadores do Deutsche Bank estão céticos sobre a sobrevivência do sistema monetário baseado em moedas fiduciárias e sugerem que elas podem se tornar redundantes na próxima década.

Como uma possível alternativa, eles sugerem que criptoativos vão ter um papel importante no mundo digital no futuro próximo.

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Moedas fiduciárias são o dinheiro emitido pelo governo que não é apoiado por uma commodity física, como ouro ou prata, mas sim pelo governo que o emitiu, e seu valor vem da relação entre oferta e demanda e da estabilidade do governo emissor (Imagem: Unsplash/@jpvalery)

O fim das fiduciárias?

Antes da década de 1970 (quando o Padrão-Ouro foi deixado de lado), dinheiro já era lastreado por algum tipo de commodity. No entanto, nos últimos 50 anos, dinheiro era apenas lastreado por confiança.

Hoje, o sistema fiduciário parece mais ameaçado do que nunca, de acordo com Reid.

“As forças que mantiveram o sistema fiduciário atual agora parecem frágeis e podem se desfazer na próxima década. Nesse caso, isso irá causar uma revolta contra as fiduciárias e a demanda por moedas alternativas, como ouro ou cripto, poderia surgir”, escreveu ele.

Reid sugere que poderíamos presenciar níveis de inflação a nível mundial, que poderia levar a uma onda na demanda por moedas alternativas.

Nos últimos 40 anos, a ascensão da China como uma superpotência econômica global e, assim, sua integração na economia global contribuiu significativamente para a supressão dos níveis de inflação com o grande impulsionamento do fornecimento de mão de obra global.

Como resultado, nas últimas quatro décadas, remunerações, preços e a inflação estiveram sobre pressão. Isso ajudou a manter os altos níveis de inflação e ajudou o sistema monetário baseado em fiduciárias a continuar.

No entanto, passamos de um pico na “população de idade produtiva”, tanto em países desenvolvidos como na China, o fornecimento de mão de obra em regiões-chave globais vai começar a cair. Como consequência, salários vão aumentar, o que pode resultar em um aumento na inflação.

“Logo, é possível que a demanda por moedas alternativas aumente significativamente até chegarmos em 2030. As moedas fiduciárias vão sobreviver ao dilema político que as autoridades vão vivenciar enquanto tentam balancear altos rendimentos com altos níveis de dívida? Essa é a pergunta que vale trilhões de dólares para a década a seguir”, conclui ele, aludindo ao potencial do bitcoin como uma moeda alternativa.

Pela liberdade e governança oferecida pela tecnologia, os criptoativos vão substituir gradualmente as moedas fiduciárias dos países (Imagem: Pixabay)

Criptoativos podem substituir dinheiro em espécie

Marion Laboure, economista sênior, acredita que quando uma estrutura regulatória for posta em prática em regiões-chave ao redor do mundo e os governos forem em direção a sociedades sem pagamento com dinheiro em espécie, criptoativos têm o potencial de substituir as fiduciárias até 2030.

Os dois mercados mais essenciais vão ser a China e a Índia, que terão uma postura limitada na negociação de criptoativos.

Porém, Índia está disposta a ir rumo a uma sociedade sem pagamento em dinheiro para combater sua economia clandestina e a China está planejando apresentar uma versão “baseada em blockchain” de seu yuan.

Além disso, os clientes (e as empresas) estão, de forma crescente, preferindo pagamentos digitais em vez de pagamentos em dinheiro, que abrem as portas para a adesão de criptomoedas já que elas não possuem altas taxas de transação (como cartões bancários) e fornecem um nível maior de privacidade do que outros métodos de pagamento digital.

Para os criptoativos substituírem dinheiro em espécie, três obstáculos terão que ser superados, de acordo com Laboure: ganhar legitimidade aos olhos dos governos, construir alianças com a ampla indústria de pagamentos e exigir um sistema financeiro digital robusto que possa interromper ciberataques e outros possíveis riscos para um mercado de pagamentos puramente digital.

Se esses obstáculos forem solucionados na próxima década, pode ser que não demore muito para que as pessoas peguem seus celulares e paguem com suas carteiras cripto em vez de pegar várias notas de seus bolsos.

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A criptomoeda do futuro pode não ser o Bitcoin, mas sim uma que ainda está para surgir (Imagem: Freepik)

Laboure também sugere que bitcoin não se torne a principal criptomoeda do futuro. Em vez disso, uma moeda ainda não lançada poderia se tornar a nova alternativa ao dinheiro em espécie.

“Ao olharmos para a década adiante, pode não ser surpreendente se uma criptomoeda nova e convencional emergisse repentinamente”, ela escreveu.

“A pergunta é qual país vai tomar vantagem em ser o primeiro a obter licenças e construir alianças. Quando isso acontecer, a linha entre criptoativos, organizações financeiras e setores públicos e privados possa ser tênue”, conclui Laboure.

Sob a ótica da atitude duvidosa da indústria bancária em relação a cripto, é surpreendente que um dos maiores bancos do mundo esteja otimista a respeito da adesão de criptoativos.

Isso é para mostrar que, gostem ou não, criptoativos estão aqui para ficar e parecem prontos para se tornar parte integral do futuro do sistema financeiro global.

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