Política

Discurso de Bolsonaro na ONU mostra “República do cercadinho”, apontam críticos do presidente

21 set 2021, 13:59 - atualizado em 21 set 2021, 13:59
Jair Bolsonaro
Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade (Imagem: Reuters/Eduardo Munoz/Pool)

O discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidos (ONU) nesta teça-feira foi criticado por políticos de diferentes vertentes, avaliando que o presidente mentiu e se preocupou em falar para seus apoiadores no Brasil.

“O discurso lamentavelmente pífio na Assembleia mostra ao mundo a ‘República do cercadinho’. Uma vergonha para todos os brasileiros”, disse o relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL).

“Lamentavelmente, mais um triste espetáculo. O presidente mentiu do começo ao fim do seu discurso. Parece que ele estava falando de outro país, que não esse velho país com todas as contradições que nós conhecemos”, acrescentou Renan.

No pronunciamento em Nova York, Bolsonaro disse que desde o início da pandemia, apoiou a autonomia do médico na busca do tratamento precoce contra Covid-19 e criticou medidas de restrição de atividades adotadas por governadores e prefeitos brasileiros e em quase todos os países do mundo.

“Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label”, frisou o presidente.

“Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo.”

As declarações do presidente geraram dura reação de governadores.

“Falar na Assembleia da ONU sobre os fechamentos é atacar a própria audiência da ONU, porque foi a posição majoritária no mundo pra salvar vidas”, disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT) defendeu a ação dos líderes regionais.

“Governadores e prefeitos do Brasil seguimos a ciência e vamos seguir a ciência… buscamos contribuir para salvar vidas”, disse o petista em um vídeo.

Pelo Twitter, o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro Henrique Mandetta (DEM) também criticou a fala do presidente.

“O sucesso do agronegócio vem de décadas antes de Bolsonaro. A vacinação está acontecendo APESAR dele. Casos de corrupção na pandemia aparecendo todos os dias”, disse.

“A única parte do discurso de Bolsonaro que é verdade é essa: ‘A história e a ciência saberão responsabilizar a todos'”, destacou.

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que foi candidata a presidente nas eleições de 2018, afirmou que Bolsonaro, no discurso, disse mentiras sobre povos indígenas, cuidados sobre a Amazônia, meio ambiente e sucessos na economia.

“Propôs charlatanismo no tratamento da Covid. Foi o que despejou Bolsonaro na ONU, para nossa vergonha e indignação. Até o correto uso de máscara, só o fez por força do protocolo sanitário”, disse ela, no Twitter.

Já o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), defendeu o discurso do presidente. “Ênfase na nossa preservação ambiental, vacinação, auxílio emergencial, crescimento da economia de 5 % neste ano; 7 de setembro e apoio a democracia também ressaltados. Busca de investimentos como apelo final”, afirmou Barros, no Twitter.