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Diversificação pode transformar Itaúsa na Berkshire Hathaway de amanhã

23 dez 2020, 14:45 - atualizado em 08 jan 2021, 17:29
Só em 2019 por exemplo, a Itaúsa avaliou cerca de 18 negócios, que culminou na aquisição da Liquigás por meio do aporte na Copagaz (Imagem: Itaúsa)

O Inter Research iniciou a cobertura das ações da Itaúsa (ITSA4), holding que controla o maior banco do Brasil, o Itaú (ITUB4).

Para o analista Matheus Generoso do Amaral, que assina o relatório, o plano de diversificação da companhia pode transformá-la na Berkshire Hathaway de amanhã, empresa do megainvestidor Warren Buffet.

Atualmente, os principais investimentos da Itaúsa incluem os setores financeiro, Itaú Unibanco, madeira e papel, Duratex (DTEX3), calçados, Alpargatas (ALPA3), transporte de gás natural e outros. Como o investimento em Itaú é relevante para a holding, parte significante dos resultados vem do banco.

“Apesar do Itaú representar 90% dos ativos da holding, a Itaúsa possui uma estratégia de diversificação do portfólio para o longo prazo. Só em 2019, por exemplo, a companhia avaliou cerca de 18 negócios, que culminou na aquisição da Liquigás por meio do aporte na Copagaz”, argumenta.

O próprio presidente-executivo da empresa, Alfredo Setubal, afirmou que a Itaúsa deve ampliar sua participação em outros nichos, para ter de 10 a 12 empresas no portfólio na próxima década.

O Inter Research estabeleceu em R$ 12,50 o preço-alvo da ação, o que implica valorização de 8%, com recomendação neutra.

Caso XP

Com a cisão da fatia do Itaú na XP Investimentos (XP) em outra empresa, a Itaúsa, por meio do seu controle da IUPAR (Itaú Unibanco Participações S.A.), seria o maior acionista da NewCo indiretamente. A holding já manifestou o interesse em manter a participação na NewCo no curto prazo.

Mas o analista lembra que a Itaúsa possui uma estratégia de diversificação de portfólio em setores não financeiros para o longo prazo. “Isso resultaria em rotineiras avaliações em seu processo de gestão de portfólio, podendo acarretar uma futura venda da sua participação na NewCo/XP”, pontua.

“Consideramos que o racional de investimento em Itaúsa para investir indiretamente no Itaú Unibanco e captar sua geração de valor e distribuição de proventos ainda válido no curto e médio prazo, porém vale ressaltar o futuro de maior diversificação da holding”, afirma.

Dividendos gordos

A Itaúsa é conhecida pela distribuição de bons dividendos. Isso ocorre porque, como uma holding pura, que só possui investimentos e despesas administrativas em seu balanço e nenhuma outra atividade, a Itaúsa recebe os proventos distribuídos pelas suas companhias investidas e costuma repassá-los aos seus acionistas com um payout médio de 66%.

Trimestralmente, a empresa distribui R$ 0,02 por ação conforme definido pelo conselho de administração como forma de antecipação do dividendo mínimo obrigatório do exercício anual, que corresponde ao mínimo de 25% dos lucros do período.

Amaral pontua que historicamente o dividend yield da Itaúsa foi maior que o do Itaú, explicado principalmente pelo desconto que o mercado aplica sobre as ações da Itaúsa.

“Desde 2018, quando o desconto reduziu de uma média de 26% para os atuais 22,7% as ações Itaú passaram a oferecer um yield mais atrativo, porém esse não costuma ser o comportamento, já que em 2020 houve a restrição do pagamento de proventos pelos bancos e um desconto excessivo no setor financeiro”, afirma.

Por volta das 14h33, as ações da Itaúsa subiam 2,19%, a R$ 11,66. No ano, as ações acumulam queda de cerca de 20%.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.