Economia

Dívida dos EUA rebaixada? Como o ano de 2011 serve de alerta para a novela do calote

17 maio 2023, 18:06 - atualizado em 17 maio 2023, 18:06
Macro, EUA, Joe Biden dívida
Biden encurta viagem para Ásia para negociar teto da dívida. (Imagem: REUTERS/Evelyn Hockstein)

A discussão sobre o teto da dívida norte-americana continua em um impasse. Ainda ontem, Joe Biden e Kevin McCarthy, líder republicano da Câmara dos Representantes, saíram de uma reunião se dizendo um pouco mais otimistas com a negociação.

Agora, representantes dos dois partidos se preparam para uma terceira rodada de conversas, necessidade que tornará mais curta a viagem de Biden à Ásia nesta semana. Assim, o presidente americano deverá comparecer somente à reunião do G7 no Japão, cancelando compromissos posteriores na Austrália e Papua-Nova Guiné.

Para o time de inteligência de mercado do JPMorgan, o cenário mais provável é que o acordo seja concluído somente ao fim da semana que vem. A projeção é menos otimista a que a concedida pelo próprio McCarthy, que acredita ser possível alcançar um acordo ao fim desta semana.

“Com isso em mente, a negociação no mercado deverá se manter sem grandes movimentos, até que um resultado mais claro seja em direção a mitigação do risco seja observado”, complementa o credor em nota.

Enquanto nada é resolvido, os mercados continuam alimentando a angústia com relação ao alerta de Janet Yellen sobre as repercussões do calote para a economia americana.

Segundo vem alertando a secretária do Tesouro em múltiplas ocasiões, a ‘data X’ — que marca o fim da capacidade de pagamento do governo — pode coincidir com o início de junho. A partir daí, o Executivo perderia a capacidade de honrar com pagamentos correntes, em um movimento que pode impactar até mesmo na precificação dos títulos da dívida americana.

Embora o cenário mais provável seja de uma resolução no último minuto, a visão do próprio JPMorgan é que a demora por uma resolução aumentará, progressivamente, o desconforto de Wall Street.

Em uma pesquisa com players do mercado, o Bank of America conseguiu uma medição desse nível de ansiedade. A confiança de que haja uma solução para o teto antes da data X caiu de 70% para 60%.

Espere negociação de dívida até os 45 do segundo tempo

Em muitos aspectos, o processo de negociação entre Biden e republicanos na Câmara lembra a batalha pela aprovação do teto travada por Barack Obama em 2011.

Naquele ano, um Congresso dominado por republicanos limitou as margens de manobra da Casa Branca, atravancando as negociações para um novo teto da dívida. Obama havia sofrido uma derrota acachapante em 2010 nas eleições de meio de mandato. 

Assim como se desenha agora, a falta de um ‘lugar comum’ entre os dois partidos fez com que a S&P rebaixasse, pela primeira vez da história, a nota da dívida americana de longo-prazo; passou do patamar máximo, AAA, para AA+.

A nota AAA permite que o governo dos EUA tome emprestado recursos a uma taxa de juros mais baixa, uma vez que o governo é considerado estável e seus títulos, seguros. O downgrade, mesmo que efêmero, desferiu um dano de US$ 1,3 bilhão em aumento do custo da dívida.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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