O alerta do JPMorgan sobre os dividendos de Cury (CURY3)
O JPMorgan classificou como neutro a ligeiramente negativo o anúncio feito pela construtora Cury (CURY3) de realizar uma nova emissão primária de aproximadamente 16,2 milhões de ações.
A operação deve captar até R$ 600 milhões, considerando o preço do papel em 3 de dezembro, de R$ 37,10, e será usada para pagar cerca de R$ 573 milhões em dividendos extraordinários até o fim de 2025, ainda sujeitos à aprovação do conselho da companhia.
Para o banco norte-americano, embora a oferta reduza a carga tributária sobre dividendos em meio às mudanças nas regras de tributação, o movimento traz dois efeitos colaterais: uma diluição de cerca de 6% para os atuais acionistas e maior incerteza até a conclusão do processo.
Mesmo assim, em um dia de forte ânimo na bolsa devido ao anúncio, as ações CURY3 avançaram cerca de 4,18% na quinta-feira (4).
Assim como a Cury, diversas empresas brasileiras listadas em bolsa aceleraram o anúncio de proventos nas últimas semanas após a aprovação do projeto de lei que, entre outras coisas, prevê a cobrança de 10% sobre dividendos a partir de 2026, marcando o fim da isenção total vigente desde 1996.
A nova tributação, vale lembrar, incidirá sobre valores superiores a R$ 50 mil por mês.
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Dividendos de 5%
Pelos cálculos do JPMorgan, a possível distribuição extraordinária da Cury representará um dividend yield próximo de 5%, e as ações passarão a ser negociadas “ex-proventos” com base na posição da oferta, em 16 de dezembro.
Se o conselho da companhia não aprovar o dividendo ou a oferta superar os R$ 573 milhões previstos, o excedente captado será destinado a fins corporativos gerais.
Efeitos no balanço
Segundo o banco, a Cury possuía, ao final do terceiro trimestre (3T25), R$ 736 milhões em reservas de lucros (excluindo a reserva legal). No entanto, após o pagamento dos proventos extraordinários, esse saldo deve cair para cerca de R$ 163 milhões.
Além disso, com a oferta e a distribuição dos dividendos — incluindo os R$ 450 milhões já anunciados para o quarto trimestre (4T25) —, o patrimônio líquido da empresa deve recuar para R$ 1,18 bilhão, partindo dos R$ 1,385 bilhão registrados no 3T25.
Na prática, isso levaria o valor patrimonial por ação para R$ 3,83, o que implica que a Cury está sendo negociada a quase 9,5 vezes esse indicador.
Na comparação com pares, a ação negocia a 9,6 vezes o múltiplo P/L projetado para 2026, contra 6,9 vezes da MRV (MRVE3), 5,5 vezes da Tenda (TEND3) e 9,7 vezes da Direcional (DIRR3).