Dividendos do BB (BBAS3) vão cair com ‘baque’ do lucro? Veja se ação vale a pena

O Banco do Brasil (BBAS3) sofreu um duro baque após a divulgação de resultados abaixo do esperado. Além de números considerados ruins, os analistas ligaram o sinal amarelo para o futuro do banco, já que a inadimplência e a Resolução nº 4.966 ainda pesam.
Mas será que a queda do lucro pode “bater” em um dos seus grandes chamarizes, os dividendos? Na teleconferência de resultados, Geovanne Tobias, vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, lembrou que, no quarto trimestre, o BB já havia sinalizado que pagaria entre 40% a 45% de proventos.
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“Considerando o resultado do primeiro trimestre e todas as dificuldades observadas, incluindo a deterioração do risco de crédito na carteira rural, optou-se, de forma conservadora, pela distribuição do piso da faixa, ou seja, 40% de payout“, disse.
Ainda segundo ele, é prematuro especular sobre uma eventual revisão da política de dividendos. Para o executivo, a base de capital permanece sólida, o balanço segue robusto e o crescimento operacional das linhas de negócio continua em curso.
“Diversas medidas já estão em implementação com o objetivo de acelerar a recuperação, além de estar em curso uma avaliação contínua dos efeitos da Resolução 4.966, especialmente sobre a cura das operações classificadas em estágio 3 e sobre o volume de provisões a ser constituído, considerando a perda esperada.”
Banco do Brasil: dividendos em risco?
De acordo com analistas que conversaram com o Money Times, sim, é possível que o BB desembolse menos dividendos. E a explicação é bem simples: com menos lucros e resultados fracos, o banco pode não conseguir manter o ritmo dos últimos meses.
Mesmo com a queda, porém, o BB continua uma boa aposta. Isso porque, ainda que haja uma possível redução nos proventos distribuídos, a política de dividendos do BB é sólida e está amparada por regras estatutárias, o que assegura uma previsibilidade maior para os investidores.
Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, porém, não vê impactos — pelo menos neste momento.
“Até porque é o primeiro trimestre. Normalmente, quando acontecem coisas extraordinárias assim, as instituições trabalham fortemente para reverter.”
Em teleconferência de resultados, a gestão, tratou de colocar panos quentes. Tobias disse que o primeiro trimestre de 2025 é “incomparável” com outros trimestres.
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O executivo salienta que a colheita está em curso e deve ser recorde, o que pode reverter esse movimento.
“Combinada às medidas já adotadas nas frentes de cobrança e protesto, há expectativa de estabilização dessa carteira.”
Recorda ainda que é importante considerar o calendário do setor rural: a colheita ocorre entre março e abril, variando conforme a região, e a comercialização acontece na sequência.
BB ainda é uma boa aposta
Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, diz que a queda pode até gerar uma oportunidade para comprar barato ações de um banco que é bom.
“E, obviamente, já conhecemos o modelo de negócio do Banco do Brasil. Sabemos que é um banco bom, que entrega resultado bacana, mas está passando por um problema muito ruim, agora com inadimplência no agronegócio.”
Para ele, eventualmente, o banco terá algum problema.
“Conforme esses estresses vão causando uma desvalorização nas ações, você, comprando o papel barato, em um cenário de valorização, se beneficia muito disso no recebimento de dividendos futuros.”
Em sua visão, agora o momento é de dificuldade, é verdade.
“Mas lembrando que, quanto mais barato você paga por um papel, maior, no futuro, é o recebimento de dividendos que você tem. Então, não vejo motivo para pânico para quem tem interesse em investir no papel para longo prazo.”
Para a XP, apesar de o Banco do Brasil ter apresentado um resultado negativo expressivo, a ação ainda está atrativa — assim como os dividendos.
A recomendação é de compra. O retornos estimado (dividend yield) para a ação é de 8,6%.