Coluna do Fernando Luiz

Dividendos: Estratégia de longo prazo começa no curto prazo

25 nov 2023, 16:30 - atualizado em 24 nov 2023, 13:13
Dividendos
(Imagem: Pixabay)

O ano de 2023 parece melhor do que de fato está. Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e bancos são responsáveis por 80% da alta do índice Bovespa, sendo apenas 37% do índice todo. Com tantas empresas com performance negativa na Bolsa e situações que passam até por balanço forjado, o investidor pessoa física termina este ano questionando o mercado acionário como forma de acumulação de capital para o longo prazo. Não à toa.

Este ano, tivemos casos emblemáticos como o da Americanas (AMER3), Light (LIGT3), mas também outras situações, no mínimo constrangedoras, como o recente comunicado da Magalu (MGLU3), além de diversos fundos multimercado de grandes gestores que não conseguiram bater o CDI e outros de boa reputação em crédito privado que 2023 ficou entre os piores anos de suas histórias.

E é aí fica a questão para o investidor normal, aquele que entende que o melhor é participar de empresas por longos períodos de tempo, tem seus ganhos atrelados ao seu trabalho do dia-dia mas é diariamente bombardeado por opções de investimentos que de fato não refletem este pensamento.

Afinal, como escolher os ativos para compor uma carteira de dividendos de longo prazo de forma que separe o joio do trigo e ainda seja diversificada e balanceada. Como montar um portfólio que não precise ser acompanhado diariamente, mas só 1x por ano como os grandes investidores fazem?

Infelizmente, devo alertar que esta é uma estratégia quase impossível para o investidor comum. E para entendermos isso basta elencarmos alguns fatores. A escolha dos ativos passa por uma análise fundamentalista calcada nos balanços das companhias abertas, o que, como podemos perceber, nem sempre condiz com a realidade.

Desta forma, só alguém com um bom background de mercado percebe o risco que uma ou outra companhia pode apresentar e que não está implícito em seus números. Só uma pessoa experiente consegue montar uma carteira balanceada em termos de riscos, considerando que de fato investir no Brasil tem sido bastante arriscado e, por isso, é preciso ter além de uma estratégia tanto de investimentos, quanto de portfólio.

O segundo ponto é que uma empresa pode apresentar bons fundamentos em determinado período, mas ter seu desempenho prejudicado por mudanças no ambiente, como uma alteração na trajetória da inflação ou na taxa de juros. Estes dois fatores, por exemplo, prejudicaram o setor varejista como um todo.

Dificilmente um investidor não profissional consegue observar as mudanças de cenário para adaptar e rebalancear sua carteira a tempo.

Ainda no tópico dois, deve-se lembrar que um equívoco comum é comprar o passado pensando que se repetirá no futuro. Muitos investidores confiam nas listas de ações voltadas a dividendos que performaram bem anteriormente e as compram, sem entender o que farão com o dinheiro que vão ganhar, qual o retorno sobre o capital, novos investimentos e de que forma o excedente de capital voltará para o investidor.

Em alguns casos, as empresas apenas registraram eventos extraordinários que ocasionaram a distribuição fora do comum, o que não irá se repetir.

Em terceiro lugar, existe a necessidade de uma diversificação de riscos de forma a diluí-lo da carteira. E isto esbarra em um problema crucial: dificilmente um investidor no mercado de ações conta com um grande volume financeiro para conseguir atingir a diversificação ideal ou se aproveitar dos meios de proteção disponíveis.

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Desta forma, falta escala para reinvestir os proventos e diversificar o portfólio, o que torna o balanço das carteiras mais difíceis.

Para quem não deseja correr o risco de escolher o ativo errado, mas também não quer deixar de receber seus dividendos, o mais recomendável é buscar um fundo de dividendos gerido por quem tem experiência.

O objetivo deste tipo de fundo não é somente ter um portfólio menos arriscado de empresas, com menos volatilidade que o Ibovespa e mais retorno no tempo, mas também ser um mecanismo robusto de crescimento e uma ótima forma de se construir um patrimônio para aposentadoria e previdência. É um produto que reduz o risco agregado de outros produtos de renda variável, inclusive.

Investir através de fundos focados em dividendos é uma forma de investidores estarem na Bolsa de Valores, mas num produto que reduz o risco agregado de outros produtos de renda variável, além de gerar um fluxo crescente de proventos ao longo do tempo.

Os fundos de dividendos buscam não só ter um portfólio menos arriscado de empresas, maiores, mais robustas, com modelos de negócios comprovados e uma história de entrega de resultados; este tipo de negócio naturalmente possui menos volatilidade que o Ibovespa e mais retorno no tempo, mas também ser um mecanismo robusto de crescimento e uma ótima forma de se construir um patrimônio para aposentadoria e previdência.

Sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos
Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
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Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
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