Dividendos extraordinários à vista: 20 oportunidades que o mercado não espera, segundo BTG
Diversas empresas brasileiras podem antecipar a distribuição de dividendos para seus acionistas, segundo análise do BTG Pactual. O motivo é o projeto de lei que revisa o Imposto de Renda das pessoas físicas, aprovado recentemente na Câmara dos Deputados e atualmente em discussão no Senado.
O texto prevê a cobrança de 10% sobre dividendos pagos a pessoas físicas e a estrangeiros a partir de 2026, marcando o fim da isenção total vigente desde 1996. A tributação incidirá sobre valores superiores a R$ 50 mil por mês, com algumas exceções.
No entanto, os dividendos declarados em 2025, com base em lucros obtidos neste ano ou em exercícios anteriores — incluindo lucros retidos e reservas —, continuarão isentos do novo imposto.
O projeto também permite que as empresas paguem esses dividendos ao longo de três anos (2026 a 2028), mantendo flexibilidade financeira, embora esses valores não possam ser contabilizados como parte do dividendo mínimo obrigatório nos próximos exercícios.
Essa mudança nas regras deve incentivar várias empresas a antecipar distribuições, estimulando o pagamento de dividendos extraordinários.
- CONFIRA: Está em dúvida sobre onde aplicar o seu dinheiro? O Money Times mostra os ativos favoritos das principais instituições financeiras do país; acesse gratuitamente
As 20 empresas mais propensas a pagar dividendos extraordinários
O BTG Pactual aponta que os setores com maior probabilidade de anunciar pagamentos relevantes incluem utilities, telecomunicações, construtoras e materiais básicos.
Entre as 20 empresas com maior potencial de dividendos extraordinários estão:
| Empresa | Ticker | Retorno extraordinário esperado |
| Eztec | EZTC3 | 17% |
| Direcional | DIRR3 | 13% |
| Cyrela | CYRE3 | 9-10% |
| Lavvi | LAVV3 | >10% |
| Copel | CPLE6 | 14% |
| Isa Energia | ISAE4 | 13% |
| Energisa | ENGI11 | 11% |
| Eletrobras | ELET3 | 10% |
| Unifique | FIQE3 | 19% |
| Intelbras | INTB3 | 13% |
| Tim | TIMS3 | 12% |
| Metalúrgica Gerdau | GOAU4 | 20% |
| Gerdau | GGBR4 | >10% |
| Usiminas | USIM5 | >10% |
| Irani | RANI3 | >10% |
| Ambev | ABEV3 | >10% |
| Marcopolo | POMO4 | 18% |
| C&A | CEAB3 | >10% |
| Blau | BLAU3 | >10% |
| PetroReconcavo | RECV3 | 8-13% |
“A lista de empresas em posição de anunciar dividendos extraordinários relevantes é relativamente longa. Isso se deve ao bom desempenho econômico do Brasil, aos lucros robustos, à baixa alavancagem e aos preços deprimidos das ações”, aponta o banco.
O relatório do BTG Pactual também destaca oportunidades de “pair trades”, operações que exploram diferenças na capacidade ou intenção das empresas de pagar dividendos extraordinários. Algumas companhias não poderão realizar esses pagamentos por falta de reservas suficientes ou por níveis elevados de alavancagem.
Entre os setores com maior potencial, o banco cita:
- Materiais básicos: Metalúrgica Gerdau e Gerdau, com alta liquidez e baixa alavancagem; Usiminas, que deve reservar parte dos recursos para projetos futuros.
- Papel e celulose: Irani, com yield potencial de até 34% caso distribua integralmente suas reservas.
- Óleo e gás: PetroReconcavo, yield estimado entre 8% e 13%.
- Utilities: Copel e Eletrobras, com yields de 14% e 10%, respectivamente; Isa Energia e Energisa também aparecem na lista.
- Imobiliário: Eztec (17%), Direcional (13%), Lavvi (10%) e Cyrela (9–10%).
- Alimentos e bebidas: Ambev, M. Dias Branco e Minerva Foods têm espaço para pagamentos extraordinários.
- Saúde: Blau, yield de 20%; Fleury e Odontoprev, valores menores.
- Bens de capital: Marcopolo e Mills, com yields estimados em 18% e 22%.
- Telecom e tecnologia: TIM, Unifique e Intelbras, yields de 12%, 19% e 13%, respectivamente.
Para identificar companhias com maior probabilidade de anunciar esses pagamentos, o BTG analisou quatro fatores: a existência de lucros retidos ou reservas expressivas em relação ao valor de mercado, o nível de alavancagem, os planos de investimento futuros e a composição acionária, já que a tributação varia conforme o perfil dos investidores.