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Dividendos: Fuja das “vacas fakes”; os riscos de se investir só olhando o indicador

03 mar 2022, 12:44 - atualizado em 03 mar 2022, 12:44
Lucro, Dinheiro, Dividendos
Investir em ações só pensando em dividendos? Você pode cair em uma furada; segundo analistas, é preciso observar mais métricas (Imagem: Pixabay/Olichel)

Dividendo é sempre algo que faz a alegria de investidores.

Não é raro que os papéis das empresas disparem após anúncio de dividendos, principalmente quando esses vêm acima do esperado. 

A estratégia de investir em ações pensando em proventos é utilizada, principalmente, por investidores que buscam retornos no longo prazo e, com isso, pretendem viver de renda.

Megainvestidores, como Warren Buffett e Luiz Barsi, o maior investidor pessoa física da bolsa brasileira, aplicam o método em suas alocações. 

Apesar disso, é necessário que o investidor, principalmente o iniciante, tenha em mente os riscos de colocar dinheiro em ações só utilizando a métrica do dividend yield, os rendimentos de dividendos pagos por ação. 

Matheus Spiess, analista da Empiricus, adverte, aliás, que sempre que alguém vender que só um indicador pode ser base para tomar a decisão, desconfie, porque isso não necessariamente é verdade.

“A avaliação vai além. Pegar o dividend yield mais alto, ranquear e só comprar as ações com os maiores pagamentos é um risco muito grande. Você monta uma carteira muitas vezes enviesada”, completa.

Até porque o dividend yield também considera o preço das ações. Dessa forma, empresas que derreteram podem ter dividend yield maiores, mas representarem um risco.

As perguntas que precisam ser feitas

Antes de investir em qualquer empresa, é necessário que o investidor elabore algumas perguntas. O primeiro passo é entender o que a empresa faz, explica Spiess, como o setor e o mercado que atua.

“Ela tem projeto de expansão? Qual é a historia?”, completa. 

Segunda etapa: é necessário observar o histórico financeiro.

“A companhia tem resultados consistentes? Ela consegue manter margens em momentos de pressão? Como estão os competidores? E depois temos o valuation: está descontada? Está cara? Está pagando proventos? Estabelecendo tudo isso, podemos, sim ou não, montar uma tese para aquela companhia. Olhar só dividend yelds é um equívoco”, explica Spiess.

O analista lembra que a bolsa possui companhias consideradas “vacas fakes”, ou seja, empresas que anunciam bons dividendos, sem recorrência, ou que possuem problemas estruturais.

“Uma vaca leiteira tem que ter consistência, ela tem que ter previsibilidade nos resultados, como o setor elétrico. Atrás dela tem uma tese que sustenta, que vai além da distribuição de dividendos”, completa.

Perdendo dinheiro

Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, acrescenta que é necessário verificar se a companhia tem lucro recorrente e preferencialmente crescente, se possui endividamento saudável e se está com um valor de mercado justo, considerando seu fluxo de caixa descontado.

“O problema de comprar uma ação apenas pensando em dividendos é que o investidor fica exposto à variação do valor da ação”, diz.

Por exemplo, uma empresa tem um dividend yield de 10% no ano. Porém, a companhia não dá lucros recorrentes e crescentes. Seu lucro está diminuindo, ou ela até tem prejuízos.

“Nesse exemplo, você receberá 10% de dividendos desta ação anualmente, mas como a expectativa é que a empresa tenha prejuízos, o mercado precifica isso no futuro, e a ação em si cai 30% em um ano. Você recebeu 10% de dividendos, mas perdeu 30% em sua posição, totalizando um resultado de 20% de prejuízo nesta posição”, calcula.

As ações para investir 

Spiess listou as ações que não só pagam dividendos como são boas empresas, com ações baratas e teses bem estruturadas.

Veja a seguir:

  1. BB Seguridade (BBSE3) (mercado financeiro)
  2. Hypera (HYPE3) (saúde)
  3. Energias do Brasil (ENBR3) (energia)
  4. Alupar (ALUP11) (energia)
  5. Vale (VALE3) (commodities)

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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