Do recorde de preços ao bear market: Como foi o ano do bitcoin (BTC) e das criptomoedas
O ano terminou e os investidores em criptomoedas viveram uma verdadeira montanha russa de sentimentos. O próprio bitcoin (BTC), a maior das moedas digitais, é o melhor exemplo: o preço escalou dos US$ 93 mil em janeiro até as máximas históricas de US$ 125 mil em outubro — e uma queda para baixo dos US$ 90 mil em dezembro.
Com isso, o bitcoin deve fechar o ano com uma desvalorização de aproximadamente 5%. Entre as maiores criptomoedas do mundo, o destaque positivo vai para o BNB (BNB), que saltou 22% no período com o aumento da demanda da rede (blockchain) da Binance.
Do outro lado, moedas como solana (SOL), cardano (ADA) e dogecoin (DOGE) acumulam quedas da ordem de 33%, 58% e 60% respectivamente, de acordo com o Coin Market Cap.
Quem olha apenas para o preço das criptomoedas pode ficar desanimado. No entanto, esse ano foi importante para a consolidação do ecossistema digital como um todo.
Bitcoin (BTC) e criptomoedas trocam de mãos
Antes de mais nada, é preciso dar um panorama de como foi o ano do bitcoin e das criptomoedas. Para André Portilho, head de ativos digitais do BTG Pactual, do lado das criptomoedas houve o que ele chamou de “troca de mãos”.
“Houve uma mudança de foco dos investidores do varejo para os grandes investidores, e isso mostra um amadurecimento do processo de adoção do mercado de criptomoedas”, comenta.
Isso porque novos produtos também apareceram no mercado, como fundos, fundos negociados em bolsa (ETFs) e outros produtos que exigiram desses investidores institucionais compras cada vez maiores de criptomoedas.
Esse movimento gerou uma escassez ainda maior para os investidores do varejo.
Além disso, o crescimento das chamadas Treasury Companies, focadas no acúmulo de criptomoedas como o bitcoin, ethereum e outras, ajudou a “enxugar” as moedas do varejo, impulsionando os preços ao longo do ano.
No entanto, esse movimento perdeu força com o avanço da guerra tarifária de Donald Trump contra o mundo e os sinais de fraqueza da economia norte-americana sob efeitos do tarifaço. Isso afetou a perspectiva de corte de juros por lá — gerando um efeito dominó que afetou os preços das criptomoedas.
Novas narrativas do mercado
Apesar disso, Portilho enxerga o mercado de criptomoedas para além dos próprios tokens, vendo um amadurecimento geral de narrativas alternativas a esse segmento. É o caso da tokenização de ativos.
Vale lembrar que o BTG Pactual criou o ReitBZ (RBZ), um security token (valor mobiliário) pioneiro no mundo emitido por um banco tradicional e pagador de dividendos, lançado em 2019.
“O processo de tokenização acontece desde 2017, mas vem ganhando maturidade e corpo ao longo dos anos. São quase dez anos de transformação e digitalização. Isso demora porque tem que adaptar toda a carga de infraestrutura legada do mercado tradicional”, diz.
Mesmo assim, a tokenização de ativos do mundo real (RWAs) foi uma das grandes narrativas de 2025.
Por se tratar de um mercado descentralizado, é difícil estipular um número exato, mas dados do DeFi Llama apontam que produtos tokenizados já somam US$ 17 bilhões em ativos.
Além disso, as projeções para os próximos anos são positivas, com projetos apontando para a possível tokenização de títulos públicos e mercado de ações — impulsionados pelo incentivo da administração Trump para o segmento de ativos digitais.