Dólar sobe a R$ 5,47 com tensão comercial entre EUA e China

O dólar à vista teve um dia de instabilidade com a escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e China, novas declarações do presidente do Banco Central norte-americano e expectativas de corte nos juros dos EUA.
Nesta terça-feira (14), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,4700, com avanço de 0,14%.
O movimento destoa da tendência vista lá fora. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava em queda de 0,23%, aos 99,038 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
A tensão comercial entre Estados Unidos e a China continuou no centro das atenções dos investidores.
Nesta terça-feira (14), os dois países começaram a cobrar taxas portuárias adicionais de transporte marítimos, depois de um breve alívio no último fim de semana.
A China disse que começou a cobrar taxas especiais sobre navios de propriedade, operados, construídos ou com bandeira dos EUA, mas esclareceu que os navios construídos no país estarão isentos das taxas.
Durante a tarde, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que está considerando encerrar negócios com a China nos setores de óleo de cozinha e soja.
Vale lembrar que na última sexta-feira (10), Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 100% sobre os produtos chineses em retaliação às restrições impostas por Pequim às exportações de terras raras.
O dólar também reagiu, com maior intensidade, a novas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), Jerome Powell.
Ele afirmou que fim do esforço de longa data do BC para reduzir o tamanho de seus ativos, conhecido como aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês), pode estar se aproximando.
“Começaram a surgir alguns sinais de que as condições de liquidez estão se tornando gradualmente mais restritivas, incluindo uma firmeza geral das taxas de recompra, juntamente com pressões mais perceptíveis, porém temporárias, em datas selecionadas”, disse Powell durante o evento promovido pela Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês).
O processo QT, que vem sendo executado desde 2022, foi projetado para remover quantidades excessivas de liquidez que o Fed adicionou aos mercados financeiros durante a pandemia da Covid-19.
As compras em larga escala de títulos do Tesouro e hipotecários tinham como objetivo estabilizar os mercados e fornecer estímulo quando a meta de taxa de curto prazo do Fed estava em níveis próximos a zero.
Powell também disse que o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) adotará uma abordagem “reunião por reunião” para quaisquer outros cortes na taxa de juros, conforme equilibram a fraqueza do mercado de trabalho com o fato de que a inflação permanece bem acima de sua meta de 2%.
O mercado, por sua vez, segue com aposta majoritária em novo corte nos juros norte-americanos. De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, há 96,7% de chance de o Fed cortar os juros na próxima decisão, marcada para 29 de outubro. Ontem (13), a probabilidade era de 98,3%.
No cenário doméstico, os dados ficaram em segundo plano. Entre eles, o volume de serviços teve em agosto expansão de 0,1% na comparação com o mês anterior, em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, mostraram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o sétimo resultado mensal seguido no azul, o setor acumulou no período avanço de 2,6% e marcou a maior sequência de resultados positivos desde os oito meses compreendidos entre fevereiro e setembro de 2022. O avanço de agosto, no entanto, foi o mais fraco nesse período.
Os dados mostraram ainda expansão de 2,5% no volume de serviços em relação a agosto do ano anterior, também em linha com a expectativa.
*Com informações de Reuters