Dólar avança a R$ 5,58 com guerra comercial de Trump

As novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuaram a movimentar o câmbio — fortalecendo o dólar no exterior e no Brasil.
Nesta segunda-feira (14), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5842, com alta de 0,66%.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,24%, aos 98,090 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
As tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos seguiram no centro das atenções dos investidores no Brasil e no exterior.
No último fim de semana, Donald Trump anunciou novas taxas de 30% para a União Europeia (UE) e o México. A alíquota, assim como nos demais anúncios nesta segunda rodada do “tarifaço”, entra em vigor em 1º de agosto.
Já nesta segunda-feira (14), Trump voltou a fazer novas ameaças tarifárias e o próximo alvo deve ser a Rússia.
Em entrevista coletiva ao lado do secretário-geral da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, o presidente norte-americano disse que deve elevar as tarifas sobre a Rússia caso o país não sinalize um acordo de paz com a Ucrânia nos próximos 50 dias. Segundo eles, as taxas podem chegar a 100%.
Até agora, o chefe da Casa Branca enviou cartas a 24 países, além do bloco econômico europeu, com novas tarifas de importação que variam entre 20% e 50%. O Brasil o único país tarifado com a alíquota maior.
Tarifas de Trump
Na avaliação do UBS Global Wealth Management (UBS WM), a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros “é improvável” que se torne permanente. Para os estrategistas do banco, ainda não está claro o fundamento por trás da taxação.
O governo brasileiro, por sua vez, tem trabalhado em cenários de negociações com os Estados Unidos, a fim de amenizar o impacto do “tarifaço” aos produtos a serem importados para o território norte-americano, segundo informações do colunista da CNN Brasil, Gustavo Uribe.
Um dos cenários é a redução da tarifa imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump, de 50% para 30%, com a criação de cotas de exportação para, pelo menos, café e laranja. Outra possível negociação é o pedido de adiamento para a implementação da nova tarifa entre 60 e 90 dias.
Ainda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem instruído a equipe ministerial para que as conversar com os EUA sejam pautadas por “firmeza” e “sobriedade”.
Além disso, Lula decidiu criar um comitê interministerial com o objetivo de ouvir os setores mais afetados pela tarifa de importação anunciada pelos EUA.
O comitê deve ter a participação dos ministérios da Fazenda, das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com possível colaboração também do Ministério do Planejamento — e as reuniões devem começar já nesta terça-feira (15).
Cenário doméstico
Ainda que os holofotes estejam concentrados no exterior, novos dados econômicos no Brasil também movimentaram o câmbio.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, mostrou uma queda de 0,74% em maio ante abril. No acumulado de 12 meses, o índice acumula um ganho de 0,4%.
A expectativa do mercado era de que o índice ficaria estável no quinto mês do ano, segundo as projeções do Investing.com.
Já o Boletim Focus apontou uma redução nas projeções para inflação pela sétima semana seguida, de 5,18% para 5,17% no final de 2025. Para o dólar, os economistas consultados pelo Banco Central também cortaram a estimativa para o dólar para R$ 5,65 em dezembro deste ano.
As atenções também devem se voltar nesta semana para o impasse em torno da tentativa do governo de elevar a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Supremo Tribunal Federal (STF) programou uma audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo amanhã (15).
*Com informações de Reuters