Dólar cai a R$ 5,40 com alívio nas tensões entre EUA e China

Apesar da escalada da aversão a risco em Wall Street, o dólar teve mais uma sessão de perdas ante moedas fortes e emergentes com a crescente aposta no corte de juros dos Estados Unidos no fim de outubro.
Nesta sexta-feira (17), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,4055, com queda de 0,69%.
O movimento destoou da tendência externa. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava em alta de 0,08%, aos 98,416 pontos.
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Na semana, o dólar recuou 1,78% ante o real.
O que mexeu com o dólar hoje?
A relação comercial entre Estados Unidos e a China continuou a concentrar as atenções dos investidores — com um breve alívio nas tensões.
Pela manhã, o presidente norte-americano, Donald Trump, a sua proposta de impor uma tarifa de 100% sobre os produtos chineses não seria “sustentável”, em entrevista à Fox Business Network. “Não é sustentável, mas é esse o número. […] Eles me forçaram a fazer isso”, afirmou o chefe da Casa Branca.
Ele ainda afirmou que irá se reunir com o presidente da China, Xi Jinping, em duas semanas.
Já durante a tarde, Trump voltou a acenar à China ao dizer que as negociações comerciais entre os dois países “estão indo muito bem”, em entrevista coletiva na Casa Branca após uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Na semana passada, Trump ameaçou uma taxação de 100% sobre a China após o país asiático anunciar a expansão dos controles de exportação de terras raras.
As apostas de corte nos juros dos pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) também continuaram a movimentar o câmbio.
Depois de uma bateria de declarações de dirigentes do Fed ao longo da semana, os agentes financeiros veem quase 100% de chance de o BC norte-americano reduzir os juros na próxima decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em 29 de outubro.
Perto do fechamento, os operadores observavam 99% de chance de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4,00%, na próxima. Ontem (16), a probabilidade era de 96,3%, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group.
A chance de corte de 0,50 ponto percentual, por sua vez, caiu de 3,7% (ontem) para 1% hoje.
Na expectativa
Com apoio da recuperação do petróleo, o real voltou a ganhar fôlego ante o dólar.
No cenário doméstico, os investidores ficaram à espera e medidas de compensação após a derrubada pela Câmara dos Deputados da Medida Provisória (MP) 1.303, que tratava da taxação de aplicações financeiras e de empresas de apostas esportivas (bets) como alternativa às mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O encontro entre ministro das Relações Exteriores, Mauro Viera, e o secretário dos Estados Unidos, Marco Rubio, ficou em segundo plano.
Ainda na noite de ontem (16), Vieira afirmou que os governos brasileiro e norte-americano irão trabalhar em uma agenda de reuniões para negociações comerciais nas próximas semanas. Ele também reiterou que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump devem se encontrar “em breve”.