Dólar volta a cair e fecha a R$ 5,33 com menor taxa de desemprego da história e juros dos EUA no radar
Em mais um dia de liquidez limitada e avanço das commodities, o dólar voltou a território de perdas ante moedas fortes e emergentes. A expectativa de continuidade do afrouxamento monetário nos Estados Unidos e a menor taxa de desemprego da história no Brasil pressionaram o câmbio.
Nesta sexta-feira (28), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,3348, com queda de 0,32%.
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O movimento acompanhou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava com baixa de 0,12%, aos 99.446 pontos.
Na semana, o dólar recuou 1,23% ante o real. Em novembro, a divisa norte-americana acumulou queda de 0,85% contra a moeda brasileira.
O que mexeu com o dólar hoje?
Os mercados dos Estados Unidos retomaram as negociações após o feriado do Dia de Ação de Graças, mas a liquidez seguiu limitada.
Mais uma vez, as expectativas sobre a trajetória dos juros norte-americanos ditaram o movimento do dólar durante a sessão.
Nos últimos dias, declarações dissonantes de diretores do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) elevaram as apostas de um novo corte os juros na próxima decisão do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em dezembro. Hoje, a ferramenta FedWatch, do CME Group, mostra 86,9% de chance de o Fed reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano.
O período de silêncio do Fed começa neste sabádo (29) e a reunião do Fomc acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.
No Brasil, os dados do mercado de trabalho concentraram as atenções.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,4% nos três meses até outubro – o menor nível da série histórica iniciada em 2012. A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa ficaria em 5,5% no período.
Na avaliação do Goldman Sachs, o crescimento do emprego está “moderando na margem”, mas o pano de fundo do mercado de trabalho permanece apertado, dado o declínio constante da taxa de participação e da força de trabalho ativa desde maio de 2025.
Para as economistas do Itaú BBA, Natalia Cotarelli e Marina Garrido, os dados de hoje apontam “sinais incipientes de perda de fôlego no mercado de trabalho”, com o emprego formal recuando pelo terceiro mês consecutivo.
Na véspera (27), o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontou a criação de 85.147 vagas formais de trabalho em outubro.
O saldo foi o pior já registrado para o mês na série histórica do Novo Caged, que contabiliza dados desde 2020. No mesmo mês em 2024, foram criados 131.424 postos de trabalho.
No acumulado do ano até outubro, foi registrada abertura de 1.800.650 vagas, total inferior ao de 2024, que teve saldo positivo de 2.126.843 no mesmo período, e o terceiro pior resultado da série histórica.