Dólar

Dólar ignora criação de empregos mais forte que o esperado nos EUA e cai a R$ 5,40, no menor nível em mais de um ano

03 jul 2025, 17:04 - atualizado em 03 jul 2025, 17:22
dólar real
O dólar perdeu força ante o real pela 2ª sessão consecutiva com valorização das commodities metálicas, mesmo com payroll forte (Imagem: Nelson_A_Ishikawa/Getty Images)

O dólar teve mais uma sessão de perdas ante o real, mesmo após novos dados do mercado do trabalho dos Estados Unidos ficarem acima das expectativas e reforçarem a perspectiva de manutenção dos juros nos Estados Unidos.

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Nesta quinta-feira (3), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4050, com queda de 0,28% — no menor nível desde 24 de junho de 2024.



O movimento destoou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,40% aos 97.175 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

No cenário doméstico, o dólar estendeu as perdas da véspera apoiado pela valorização da commodities metálicas, enquanto a cautela com o cenário fiscal continuou no radar.

Países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil, são impactados positivamente através do aumento dos preços das matérias-primas, como o minério de ferro — que avançou 2,45% hoje e a tonelada ficou acima dos US$ 100 em Dalian, na China.

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Os investidores seguiram monitorando a tensão entre o Executivo e o Legislativo sobre as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Nesta semana, o governo federal entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a derrubada do decreto presidencial que previa elevação das alíquotas do IOF para câmbio, crédito para empresas e previdência privada.

“Com certeza a manutenção de juros altos por mais tempo aqui no Brasil e o aumento do diferencial de juros em relação aos EUA são fatores que podem justificar um real se valorizando perante o dólar. O dólar vem perdendo força globalmente nos últimos meses, inclusive aqui no Brasil, onde observamos uma possível retomada das compras por parte do investidor estrangeiro, que busca se antecipar ao que pode estar por vir”, avaliou Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.

Dólar sobe no exterior

Já no exterior, o dólar ganhou força ante as moedas globais após o relatório oficial de empregos, o payrollde junho vir mais forte do que o esperado.

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O payroll apontou a criação de 147 mil vagas em junho, acima da expectativa de 110 mil posto de trabalho abertos no mês.

A taxa de desemprego desacelerou de 4,2% em maio para 4,1% em junho, abaixo das projeções de avanço para 4,3%.

Após o dado, agentes financeiros reduziram as apostas de corte nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) na próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que acontece no final deste mês. No fechamento dos mercados, a probabilidade de redução caiu de 23,8% ontem para 4,7% hoje, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group.

Já as chances de manutenção dos juros na próxima decisão do Fomc subiu de 76,2% para 95,3% após o payroll. Hoje, os juros norte-americanos estão na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.

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“O número forte de geração de empregos traz uma expectativa de continuidade do crescimento robusto da economia americana, o que estimula maiores fluxos de capital para o país, especialmente teses corporativas, após um período de receio de desaceleração econômica ou recessão mais firme, agora substituído pela impressão de que a perda de ritmo não trará choques mais fortes”, afirmou Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.

Os investidores também monitoraram as negociações comerciais dos EUA com o países parceiros. Ontem (2), o presidente Donald Trump anunciou que chegou a um acordo comercial com o Vietnã.

Já nesta quarta-feira (3), o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que, se acordos comerciais não forem fechados até o vencimento das pausas tarifárias na próxima semana, caberá ao presidente Trump decidir se as pausas serão estendidas ou não.

A trégua temporária das tarifas recíprocas termina na próxima quarta-feira (9).

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O cenário fiscal dos EUA também continuou no radar. O pacote orçamentário de Trump, conhecido como “Beautiful Bill“, foi aprovado na Câmara dos Representantes no final da tarde. A matéria vai para sanção do presidente Trump.

De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, o projeto de lei reduzirá a receita tributária em US$ 4,5 trilhões ao longo de 10 anos e cortará os gastos em US$ 1,1 trilhão.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.