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Dólar x Selic: O que o BC pode ter indicado hoje para o futuro da moeda 

22 mar 2022, 13:27 - atualizado em 22 mar 2022, 13:28
Dólar
Mercado diz que Copom reconhece que pode aumentar um pouco mais a taxa Selic. (Imagem: Pixabay/geralt)

A ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), divulgada nesta terça-feira (22), pode ter indicado um caminho que mantenha o dólar em patamares baixos, avaliam analistas do mercado.

A equipe liderada pelo economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, diz que os cenários de inflação descritos pelo colegiado voltam a deixar a decisão sobre a Selic vinculada ao caminho do preço do petróleo, “mesmo que o livro-texto sugira olhar apenas para eventuais transbordamentos para outros preços”.

O cenário base, de taxa básica de juros a 12,75%, pressupõe um petróleo tipo Brent mais próximo de US$ 100/barril por barril. Mas os economistas do Original avaliam que descolamentos dos preços levariam o BC a estender o ciclo de alta da Selic.

“A postura do Copom leva o câmbio a ‘mais do que valorizar‘ em dias de alta das commodities com o reforço da perspectiva de juros mais altos”, disse Caruso. Teoricamente, a Selic em alta tende a atrair o investidor interessado em ganhos com o diferencial de juros entre as economias.

O Original pondera que a dinâmica é ambígua para a bolsa e tenderia a intensificar o descolamento em papéis de energia e materials versus demais setores. O Ibovespa subia 0,72% na tarde desta terça.

Inflação do atacado para o varejo

A equipe do Itaú BBA, do economista-chefe Mario Mesquita, segue linha parecida com a do Original ao dizer que o Copom reconhece que pode aumentar um pouco mais a taxa Selic, avançando ainda mais em território contracionista, “caso o cenário prospectivo mostre mais deterioração”.

“Graças ao aumento dos preços das matérias-primas em um ambiente de repasse permissivo, que torna mais intenso o impacto da inflação do atacado para o varejo, provavelmente veremos uma piora adicional das expectativas de inflação”, disse Mesquita.

Para fazer frente a esses desdobramentos, avalia, o Copom levaria a taxa básica para 13,75% a.a., em três parcelas (1,00+0,50+0,50). Anteriormente, o Itaú BBA previa uma Selic terminal em 13,00% a.a. (1,00+0,25).

O economista-chefe da Terra Investimentos, João Maurício Lemos Rosal, destacou também que finalizar o ajuste monetário com mais uma alta de 100pbs não basta.

Rosal diz que o Copom terá de promover pelo menos um ajuste de 25bs na reunião junho para garantir que a inflação esperada de 2023 não permaneça indefinidamente acima da meta.

Para a equipe da Terra, o BC segue um receituário conservador face aos riscos postos por seu cenário de referência.

“Com uma inflação esperada para 2023 já 25bps acima do centro da meta, achamos que a atenção deva ser redobrada”, diz. “Mais precisamente, mirar meramente o combate aos efeitos de secundários dos choques não nos parece suficiente”.

Dólar em queda

O dólar seguia no zero a zero no início da tarde desta terça, depois de operar em baixa em parte do dia. A moeda está abaixo do patamar simbólico de R$ 5.

O economista chefe da Valor Investimentos, Davi Lelis, disse na segunda (21) que os preços das commodities, que dispararam com a invasão na Ucrânia, e os números positivos nas exportações também são responsáveis pela valorização da moeda brasileira.

“O Brasil tem vendido mais commodities e por valores mais elevados, fazendo com que entrem mais dólares no país, devido às exportações. Isso faz com que a moeda se torne mais abundante no país, e, junto com a atratividade da renda fixa, o preço da moeda caía”, disse ao Money Times.

Fique atento

Na agenda do mercado, com reflexos nas expectativas sobre o dólar, está a divulgação do relatório de inflação, que será feita pelo BC na quinta (24).

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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