Mercados

Dólar fecha na máxima desde maio e perto de R$ 5,80 com chacoalhão no mercado após decisão de Fachin sobre Lula

08 mar 2021, 17:22 - atualizado em 08 mar 2021, 18:02
Moedas Real Dólar
No fechamento, o dólar à vista saltou 1,66%, a 5,7787 reais na venda maior nível desde 15 de maio do ano passado (Imagem; Reuters/Paulo Whitaker)

O dólar fechou no maior patamar desde maio e a pouco mais de 2 centavos de 5,80 reais, com o mercado estressando no meio da tarde e deflagrando forte movimento de compra de moeda depois de o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular todas as condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela 13ª Vara Federal de Curitiba no âmbito da operação Lava Jato.

Assim, Lula ficaria elegível para a eleição presidencial de 2022. A decisão de Fachin deverá ser posteriormente avaliada pelo plenário do STF.

No fim de semana, a imprensa publicou levantamento do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) segundo o qual Lula teria mais potencial de voto do que Bolsonaro.

“Com Lula elegível, cresce ainda mais a chance deste governo ir totalmente para o populismo”, comentou Alfredo Menezes, sócio-gestor na Armor Capital.

O receio de investidores de que o governo enverede por um caminho mais populista aumentou nas últimas semanas, depois de uma série de episódios em que, para o mercado, o presidente Jair Bolsonaro agiu deixando de lado princípios de uma política econômica liberal.

Destaque para a decisão do presidente de trocar o comando da Petrobras (PETR4) e os alertas feitos por ele de atuação em outras estatais e setores da economia, como energia.

Entre as investidas de Bolsonaro que causaram apreensão estão a decisão pela troca do comando da Petrobras e os alertas feitos por ele de atuação em outras estatais e setores da economia, como energia.

“Com o povo desmobilizado, o Brasil retrocede a passos largos… Enfim, todos pagamos pelo medo que o presidente da República tem de sofrer impedimento e pelo aumento do câncer do populismo”, disse Marcio Fontes, chefe da asset management no ASA Investments, em sua conta no Twitter.

No mercado futuro da B3, em que os negócios vão até as 18h30 (de Brasília), o contrato de dólar de primeiro vencimento saltava 2,21%, a 5,8225 reais, depois de bater 5,8295 reais.

Nas operações interbancárias, o dólar fechou em alta de 1,66%, a 5,7787 reais na venda –maior nível desde 15 de maio do ano passado (5,8392 reais).

A cotação oscilou em alta durante todo o dia, indo de 5,7062 reais (+0,39%) a 5,7865 reais (+1,80%).

O real teve o segundo pior desempenho global na sessão, com as perdas lideradas pela lira turca (-2,5%).

“Antes da discussão sobre a eleição de 2022, acho que a decisão (de Fachin) mostra a grande insegurança jurídica no país”, disse Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital, para quem, por ora, uma piora estrutural do mercado ainda deve ser evitada por manutenção de contrapartidas fiscais na PEC Emergencial a ser votada pela Câmara dos Deputados.

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